Startups invadem o campo, de olho em maior produtividade

Assim como as fintechs estão fazendo uma revolução tecnológica nos serviços financeiros, há uma leva de startups trazendo o mesmo movimento para o agronegócio. O número dessas empresas voltadas para melhorar a produtividade no campo mais que dobrou nos últimos dois anos, passando de 76 para 184. Além disso, elas estão atuando em áreas antes não exploradas como gestão de dados, piscicultura, culturas florestais e pecuária de leite.

As conclusões são do segundo censo realizado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) e a Agtech Garage, uma plataforma que conecta startups e investidores interessados em levar tecnologia ao campo.

“O número de startups do campo teve crescimento acelerado. Mais que dobrou o número de empresas que responderam à pesquisa, mas nossa estimativa aponta que existem muito mais no país”, disse Mateus Mondim, professor da Esalq e um dos idealizadores do censo.

A SciCrop, por exemplo, nasceu para oferecer gestão e análise de diversos dados como pragas que atacam plantações, clima, logística e mercado. Foi uma das pioneiras entre as chamadas Agtechs. Teve crescimento expressivo no ano passado e já recebeu mais de R$ 2 milhões em investimentos. Tem 70 clientes e fechou parceria com o Banco do Brasil, permitindo que clientes tenham acesso a informações climáticas por meio de um aplicativo.

“Percebemos que o produtor e as indústrias do agronegócio tinham muitas informações, mas faltava gestão desses dados”, afirmou José Ricardo Damico, um dos fundadores da SciCrop. Com nove funcionários, a empresa espera faturar pelo menos R$ 2 milhões em 2019.

Segundo o professor Mondim, a maioria dessas startups ainda está voltada para melhorar a produtividade de culturas como soja, milho e cana de açúcar, as principais do país.

Concentração em São Paulo

Mas elas já estão chegando a outras áreas, como preservação de florestas, agricultura orgânica e até aluguel de equipamentos. Essas agtechs estão se espalhando pelo país e surgindo em estados como Amapá, Amazonas, Pará e Piauí. Mas São Paulo ainda concentra 50% delas.

O censo mostrou também que 51% das agtechs já possuem algum tipo de convênio com empresas, o que dá acesso a uma base de clientes mais extensa. Mas ainda existem obstáculos como demora na negociação com as companhias e falta de confiança na tecnologia oferecida por elas.

“A demora para estabelecer parcerias ainda é uma das principais barreiras, assim como o acesso ao crédito”, disse Mondim.

A startup Alluagro surgiu de olho no mercado de terceirização de atividades agrícolas. A empresa, que tem quatro sócios, conecta pessoas que querem alugar máquinas ociosas e produtores que precisam desses equipamentos. Começou a operar no ano passado e investiu mais de R$ 1 milhão em tecnologia. Por meio de um aplicativo e de um geo-localizador, a Alluagro, que fica em Uberlândia (MG), conecta essas duas pontas.

“Uma colheitadeira das grandes custa cerca de R$ 2 milhões. O aplicativo conecta quem precisa da máquina e quem quer alugar”, afirmou um dos sócios da Alluagro, o engenheiro agrônomo Werther Ferreira.

A @Tech criou a plataforma BeefTrader que ajuda produtores e frigoríficos a identificarem o melhor momento para vender o gado. Por meio de câmeras, sensores e balanças inteligentes, são captadas informações como peso, gordura e disposição muscular. Junto a dados de mercado, como preço da arroba, é feito o cálculo da lucratividade de cada animal.

 

Fonte: O Globo

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