No Brasil, em 2017 foram cultivados 50.2 milhões de hectares com variedades transgênicas de soja, milho e algodão. As principais tecnologias usadas são a resistência a lagartas e a herbicidas. Estima-se que na última safra variedades transgênicas foram cultivadas em 92% da área de soja, 94% da área de milho e 84% da área de algodão. Isso é bom?
Segundo um estudo feito pelo Serviço Internacional para Aquisição de Aplicação de Agrobiotecnologia (ISAAA, na sigla em inglês), de 1996 a 2016 foram beneficiados 17 milhões de agricultores, 90% deles em países em desenvolvimento.
O vice-presidente de Comunicação Científico Agro Sustentável (CCAS) e professor titular da Faculdade de Ciências Agrícolas da Universidade Estadual Paulista (FCA/Unesp Botucatu), Ciro Rosolem, afirma que a primeira planta transgênica de que se tem notícia foi obtida em 1983 e era uma variedade de tabaco resistente a antibióticos.
A China foi o primeiro país a disponibilizar para cultivo uma variedade transgênica, no começo dos anos 90, de tabaco resistente a vírus. Hoje, os principais cultivos comerciais transgênicos são soja, milho, algodão e canola resistentes a herbicidas e inseticidas.
Outros exemplos de espécies cultivadas comercialmente e/ou testadas em campo são: batata-doce resistente a um vírus, na África; arroz com grãos enriquecidos em ferro e vitaminas que podem aliviar a desnutrição crônica na Ásia, e ainda uma variedade de cultivos resistentes a seca, calor e frio.
Há bananas que produzem vacinas contra doenças infecciosas, como a hepatite B; peixes que crescem mais rapidamente; frutas e nozes produzidas de forma precoce e plantas que geram novos plásticos com propriedades únicas.
“São mais de duas décadas de uso de plantas transgênicas e não se tem notícia de alguém que tenha desenvolvido câncer, ou outra doença, por ter consumido esse tipo de produto. Mas os radicais continuam argumentando que os transgênicos são maléficos, e que, apesar de não se ter notícia de mal à saúde humana ou ao ambiente, o princípio da segurança deve ser obedecido. Isso é bom?”, indagou Rosolem.
Mais alguns benefícios atribuídos aos OGM (organismos geneticamente modificados), neste mesmo período, ganham destaque, entre eles, o aumento de produtividade de 678 milhões de toneladas, equivalentes a US$ 186 bilhões; conservação da biodiversidade (183 milhões de hectares foram preservados e não convertidos para agricultura), e proteção ao trabalhador, ao consumidor e ao ambiente (671 milhões de kg de defensivos deixaram de ser usados, com economia de 8% no uso destes produtos, e o coeficiente de impacto ambiental foi reduzido em 18,4%).
Somente em 2016 deixou-se de emitir 27.1 milhões de toneladas de CO2 para a atmosfera, equivalente a circulação 16.7 milhões de carros. Além disso, os OGM contribuíram para a diminuição da pobreza. Cerca de 65 milhões de pessoas tiveram sua renda aumentada, principalmente os pequenos agricultores.
Rosolem disse ainda que alguns críticos dos OGM ainda impedem ou atrasam sua aprovação e desenvolvimento em muitas partes do mundo, inclusive no Brasil.
A Fundação de Tecnologia da Informação e Inovação (ITIFI, na sigla em inglês), estima que países mais pobres perderão cerca de US$ 1.5 trilhão até 2050 pelo atraso ou impedimento de uso de cultivos transgênicos como o arroz dourado, enriquecido com precursor da vitamina A, na Ásia; o milho tolerante à seca, na África, e o feijão resistente ao vírus do mosaico dourado, uma das principais doenças do feijoeiro no Brasil.
Fonte: Agrolink