O plantio de algodão no Brasil deverá ter forte recuperação na nova temporada (2013/14), com produtores apostando na pluma em função de melhores preços, um dólar mais firme que favorece exportações e o lançamento de uma nova variedade transgênica que promete produtividade maior e segurança no combate a pragas.
O plantio da safra que está começando crescerá 23,4 por cento na comparação com a temporada passada, para 1,07 milhão de hectares, disse nesta quarta-feira o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Gilson Pinesso, em entrevista ao chat Trading Brazil, da Thomson Reuters.
Na última safra, os preços baixos desmotivaram produtores a plantar o algodão, e a produção despencou mais de 500 mil toneladas da pluma ante níveis perto de recorde da temporada anterior, segundo dados do Ministério da Agricultura.
“Nossa expectativa, com a confirmação deste aumento de 23,38 por cento na área, é ter uma produção de 1.539.803 toneladas. O que seria um aumento de 27 por cento em relação à safra passada, disse Pinesso, considerando condições climáticas normais.
A expectativa de plantio da Abrapa foi revisada para cima, no momento em que os produtores começam a semear suas lavouras. Em julho, a Abrapa falou em aumento de até 15 por cento na área plantada.
“Houve melhora nos preços internos do algodão e também o lançamento da nova tecnologia para o algodão, o BT II, no Brasil. Isso ajuda o produtor a obter maior produtividade e segurança no combate às pragas que atacam a lavoura, principalmente a Helicoverpa armigera”, acrescentou.
Um dólar mais forte também influencia “positivamente o aumento do plantio”, completou o presidente da Abrapa, acrescentando que os produtores já comercializaram antecipadamente 30 por cento da colheita futura.
“É um valor muito bom para a época da safra em que estamos. No mesmo período do ano passado estávamos com cerca de 35 por cento da safra vendida.”
A maior parte dos negócios antecipados são para exportação, salientou Pinesso.
Com uma safra maior, o Brasil deverá ficar na quarta posição do ranking dos exportadores globais da pluma.
O consumo interno gira em torno de 900 mil toneladas/ano, e o restante da produção é exportado.
PREÇOS SUSTENTADOS
O presidente da Abrapa avalia que os preços atuais do mercado internacional e o câmbio no nível que está poderão representar um bom resultado para os agricultores na colheita, realizada 2014.
Ele prevê que as cotações na bolsa de Nova York fiquem próximas dos níveis atuais no ano que vem, mas tudo dependerá da China.
“Tudo dependerá do que os chineses farão com seu estoque guardado. Se mantiverem ele em estoque, acredito que ficaremos com esse valor entre 80 e 90 centavos de dólar por libra-peso. Essa é a nossa expectativa, e o cenário ideal para o produtor brasileiro”, afirmou, ressaltando que os valores atuais dão “segurança” para um plantio “sem prejuízo”.
Fonte: Reuters