O mercado brasileiro do arroz deve manter-se firme nos próximos meses, uma vez que o cenário do dólar acima de R$ 4,00 (ontem chegou a R$ 4,1651) se mantenha e a demanda industrial permaneça aquecida. A relação ainda ajustada entre oferta e demanda, com estoque de passagem previsto para permanecer abaixo de 600.000 toneladas, e a menor condição competitiva do arroz do Mercosul, fortalecem essa posição.
O dólar mais valorizado da segunda quinzena de agosto gerou novos interesses internacionais pelo grão brasileiro, apesar de alguma insegurança com relação às transações com Venezuela e Cuba. A compra de 300.000 sacas de arroz em casca a R$ 50,00/50 kg, em Camaquã, há pouco mais de uma semana por parte de uma grande indústria ajudou a referenciar cotações mais altas na Zona Sul e na Planície Costeira Interna, mostrando que há demanda por grão de qualidade superior, mas que quando precisa a indústria não faz tanta distinção nos lotes.
O indicador de preços da saca de 50 quilos do arroz em casca (58×10) no Rio Grande do Sul Esalq-Senar/RS, marcou R$ 44,81 nesta quinta-feira, dia 29, acumulando alta de 3,34% no mês. Em dólar a saca de arroz equivale a US$ 10,88, depois de já ter superado US$ 11,60 em julho. Com isso, a competitividade brasileira frente aos concorrentes do Mercosul aumentou.
Ainda assim, os países vizinhos esperam que os preços internos se encostem na paridade de importação para que o Brasil volte a receber maior volume de arroz do Paraguai, Argentina e Uruguai. Enquanto isso, estes países seguem buscando terceiros mercados, apesar das dificuldades com a entrada da safra norte-americana e a queda de preços internacionais.
No mercado livre gaúcho os preços referenciais ficam entre R$ 43,00 e R$ 45,50, dependendo da região, com cotações menores na Depressão Central e Fronteira-Oeste, por causa do frete entre R$ 5,00 e R$ 6,00, e características dos mercados locais. Na Planície Costeira Interna e Zona Sul, cotações de R$ 46,00 a R$ 48,00, com variedades nobres sendo adquiridas até acima de R$ 50,00 em lotes mais volumosos.
Sempre vale lembrar que a maior parte dos produtores já comercializou a safra ou boa parte dela, na primeira metade do ano.
Outra notícia que movimentou o mercado arrozeiros nos últimos dias foi a de que uma das grandes empresas brasileiras adquiriu duas tradicionais indústrias, uma no Uruguai e outra no Brasil Central.
Safra
A Emater/RS divulgou na última segunda-feira a expectativa de safra de arroz para 2018/19 e indica queda em área, produtividade e produção. A intenção de plantio é menor em 1,69% sobre a safra anterior, e deve ficar em 1.050.300 hectares, contra os 1.068.345 hectares cultivados na safra passada. A produtividade média inicial do arroz será de 7.594 kg/ha, isso representará uma queda de 3,37% em relação à obtida no ano passado. O reflexo será numa colheita 5% menor do que na safra 2017/18, alcançando um total de 7.976.474 toneladas contra 8.396.053 toneladas da temporada anterior.
Os números da produção da Emater/RS aproximam-se da estimativa da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) de que a área e a produção devem reduzir entre 5% e 10% na próxima temporada, face à falta de acesso ao crédito dos produtores e o aumento do custo de produção. A Federarroz e a Farsul pediram uma reavaliação do preço mínimo do arroz à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e ao Ministério da Agricultura na semana que passou, para R$ 37,77. A projeção do governo é de R$ 36,44. Na safra passada o preço mínimo ficou em R$ 36,01.
Mercado
A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica preços médios da saca de arroz de 50 quilos, em casca, 58×10, em R$ 45,00 no Rio Grande do Sul, e R$ 90,00 para a saca de 60 quilos do arroz branco, tipo 1, sem ICMS, FOB. O farelo de arroz segue cotado a R$ 480,00 por tonelada, enquanto a saca de 60 quilos da quirera tem mantido os R$ 43,00 de referência, apesar de alguma pressão baixista em função da oferta. O canjicão segue desvalorizando e depois de ter alcançado R$ 51,50 a três meses, já é cotado a R$ 48,00 por 60 quilos. A queda na demanda de exportação de quebrados é o principal fator que afeta os preços nesta área.
Preço ao consumidor
Com a evolução dos preços ao produtor e a famigerada tabela de frete, empurrada pelo STF para uma decisão somente após as eleições de outubro, a indústria tem conseguido repassar gradativamente os valores para o varejo e este ao consumidor. O preço médio subiu e aproxima-se de R$ 13,00 por pacote de cinco quilos nas principais capitais brasileiras. As ofertas têm reduzido entre os dias 25 e 10, retornando entre 11 e 24. Mais raras, ainda se encontra promoções com preços abaixo de R$ 10,00 em grandes varejistas. Em compensação, as linhas que trabalham com grãos nobres têm alcançado até R$ 25,00 por pacote nas gôndolas de algumas redes, preço final ao consumidor.
Por Cleiton Evandro dos Santos – AgroDados
Fonte: Planeta Arroz