Os supermercados brasileiros desperdiçaram, em 2017, o equivalente a R$ 3,9 bilhões em alimentos, incluindo frutas, legumes, verduras e produtos das seções de padaria, peixaria e açougue. Na comparação com o ano anterior, houve uma queda de R$ 54,2 milhões. Os dados foram divulgados no último dia 15 de agosto, pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), em São Paulo.
O levantamento, feito em parceria com a Fundação Instituto de Administração (FIA/Provar), considerou números de 2.335 supermercados do País. Apenas em frutas, verduras e legumes, o desperdício atingiu R$ 1,8 bilhão no ano passado, aproximadamente R$ 600 mil a mais do que em 2014.
A Revista A Lavoura também já alertou para este cenário preocupante, quando trouxe como destaque, na edição nº 711, dados alarmantes sobre as perdas e desperdícios de alimentos no Brasil e no mundo, do campo à mesa do consumidor. Confira as reportagens especiais, sem custo algum, clicando aqui!
SENSIBILIZAÇÃO DO SETOR
Superintendente da Abras, Márcio Milan diz que sensibilizar o setor supermercadista para o desperdício é mais importante do que considerar as perdas financeiras. “Temos que discutir com todo o setor produtivo. Juntos, somos capazes de resolver isso”, afirma o executivo.
Na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), empresa estatal de abastecimento, que recebe produtos de 1,5 mil municípios brasileiros e de 14 países, e comercializa entre 10 e 12 mil toneladas diariamente, as perdas diárias são estimadas em 1,3%.
DO CAMPO À MESA
Segundo a chefe do Centro da Qualidade, Pesquisa e Desenvolvimento da Ceagesp, Anita Gutierrez, para evitar o desperdício, é importante que o alimento tenha qualidade no momento da colheita.
“O tratamento pós-colheita (passar cera) ajuda, mas não resolve. Para que se tenha um bom produto na gôndola, ele tem de ser produzido de maneira correta”, salienta Anita.
Ela também identifica, entre os principais problemas que levam os alimentos à podridão, danos mecânicos na colheita e na pós-colheita, tanto no momento da embalagem quanto no manuseio. A perda de água e os machucados nos alimentos, além disso, levam à redução considerável de valor.
DIFERENÇA DE TEMPERATURA
Outro ponto levantado pela especialista é a diferença de temperatura a que o produto é submetido no período que abrange da colheita à embalagem e transporte até o destino final. Certos alimentos são transportados sob refrigeração e, quando chegam ao destino, levam choque de temperatura, o que acelera seu metabolismo e leva à perda de qualidade.
O diretor da Associação Brasileira de Agronegócio (Abag), Luiz Cornacchioni, também destaca que metade das perdas do setor ocorre durante a logística (processo que envolve armazenagem, circulação e distribuição de produtos).
“A comercialização com menos intermediários da roça aos supermercados, permitindo melhores ganhos tanto para o produtor, e preços mais baixos para o consumidor, é uma das metas.”
AGRICULTURA FAMILIAR
Em junho deste ano, a Abras firmou protocolo de intenções para aumentar o relacionamento dos supermercados com a agricultura familiar. O consultor Vitor Correa, da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário, informa que técnicos já estão sendo capacitados para esse acompanhamento.
Segundo Correa, 3,5 milhões de famílias trabalham no setor, atualmente, sendo 600 mil em cooperativas. Um dos objetivos é criar uma identificação nos produtos oriundos da agricultura familiar.
A sugestão é que os alimentos fiquem em gôndolas específicas dentro dos supermercados, destacando o diferencial da agricultura familiar, como o respeito ao meio ambiente, à sustentabilidade e à preocupação social.
DESTAQUE DA REVISTA LAVOURA
Assim como foi informado anteriormente, a Revista A Lavoura apresenta, na edição nº 711, várias reportagens que tratam das perdas e desperdícios de alimentos no Brasil e no mundo. Confira, sem pagar nada, clicando aqui!
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Fonte: Agência Brasil com informações da Revista A Lavoura