Um novo método de tratamento fitossanitário, que garante o controle de pragas em produtos armazenados, está chegando ao Brasil. Já utilizado em vários países, a fosfina líquida é um fumigante que pode ser aplicado em navios graneleiros, contêineres, barcaças e silos.
O método, cujo registro está em fase final de aprovação pelo Ministério da Agricultura, deverá beneficiar toda a cadeia produtiva do agronegócio, incluindo desde exportadores e agricultores a cooperativas, e terá eficácia em produtos como grãos de soja, farelo, milho, trigo, madeira, frutas, entre outros.
Eficiente contra insetos em todos os estágios de desenvolvimento, a fosfina líquida tem desempenho maior em relação à fosfina sólida, que é um tratamento tradicional utilizado desde 1934. O antigo processo envolve fosfeto metálico à base de alumínio e magnésio, tem alta periculosidade e deixa resíduos nos produtos tratados.
VANTAGENS
Em relação ao novo tratamento, “não existem riscos de flash ou explosão, uma vez que a concentração de fosfina injetada não excede 10.000 ppm (partes por milhão), que é muito menor do que seu limite de autoignição de 18.000 ppm. Não é necessário aplicar o produto em vários pontos, o que elimina a necessidade de recolher o lixo”, explica Sergio Sampaio, diretor da DDP Fumigação.
Além disso, acrescenta Sampaio, “a aplicação da fosfina não depende da temperatura ou da umidade do ar; apenas a fosfina pura, que se decompõe com a luz solar, é usada; o gás de fosfina é fácil de distribuir e a fumigação é feita de fora das instalações, minimizando a exposição dos funcionários ao gás”.
Segundo o diretor da DDP, o novo processo de fumigação terá um custo benefício mais vantajoso.
MONITORAMENTO
A aplicação de fosfina líquida pura é feita por meio de cilindros, seguindo o sistema HDS, desenvolvido pela empresa chilena Fosfoquim. “Esse sistema possui monitores de fosfina que, durante a aplicação, mede a concentração em ppm da fosfina aplicada na câmara de fumigação. Essas leituras de concentração estarão disponíveis online para quem quiser consultar”, diz Sampaio.
“A fumigação pode ser suspensa a qualquer momento com o apertar de um botão, e o tempo para isso é curto, pois não há necessidade de nenhuma geração de gás”, complementa.
CONSIDERAÇÕES
O professor Octavio Nakano, do departamento de Entomologia e Acarologia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) emitiu parecer favorável à utilização da fosfina líquida: “A fosfina sólida deve ser substituída pela fosfina líquida, diante das enormes vantagens que vem oferecendo, tanto no campo da segurança ambiental como do trabalho, pois elimina a sua manipulação direta e ainda permite sua rastreabilidade mesmo à longa distância. Além disso, sua eficiência no controle de pragas aumenta, por operar com maior pureza do elemento ativo e maior rapidez de ação”.
Renato Nobile, superintendente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), afirma que “a aprovação do registro da fosfina líquida no Brasil irá trazer importantes reflexos em termos de eficiência, segurança e economia de custos aos nossos empreendimentos cooperativos, uma vez que somos responsáveis por parcela significativa da capacidade estática de armazenamento de grãos e das exportações diretas e indiretas de grãos do País”.
A previsão é de que o registro da fosfina líquida seja aprovado até o final do ano.
Equipe SNA/Rio
