As super safras agrícolas dos últimos anos levam os bancos a ampliar participação no crédito rural e a encarar o agronegócio de forma integrada, com financiamentos a toda a cadeia produtiva, da produção no campo à agroindústria.
O Banco do Brasil, líder, com cerca de 60% do mercado de crédito ao setor, tem como estratégias o “relacionamento direto com os clientes e investimentos em inovação”, disse o diretor de agronegócio, Marco Tulio Moraes da Costa. Para o ano-safra 2018/2019, o BB tem disponibilizados R$ 103 bilhões, valor 21% maior que o aplicado na safra anterior.
“Somos o único banco no Brasil com soluções digitais para o agronegócio, com operações de custeio e investimento, onde o próprio cliente, em seu celular, pode contratar o crédito, em poucos minutos”, afirmou Costa, já contabilizando mais de R$ 3 bilhões em operações de custeio nessa modalidade, iniciada no ano passado.
Para o diretor do BB, “é preciso chegar cada vez mais rápido no produtor rural”. Para isso, uma série de facilidades estão disponíveis, como agências especializadas no atendimento ao setor, e cerca de 250 agrônomos e veterinários que prestam consultoria em campo. “Esse relacionamento faz a diferença”, disse Costa, responsável por uma carteira de crédito rural com saldo de R$ 184 bilhões, envolvendo todos os segmentos.
Também o Banco do Nordeste (BNB), com 7,78% do mercado nacional de financiamento rural e “54% do crédito ao agronegócio na região”, segundo o presidente Romildo Rolim, trabalha na expansão de negócios, com “a forte demanda de fronteiras agrícolas no Maranhão, Piauí e Bahia”. Com carteira de R$ 23.7 bilhões, em junho, grande parte do funding proveniente do Fundo Constitucional do Nordeste (FNE), o agronegócio responde por 40% da atividade do banco.
Instituições privadas também ganham espaço nesse disputado mercado. A carteira de crédito rural do Santander atingiu em junho R$ 15 bilhões, a quinta posição no ranking nacional, quando, há pouco mais de dois anos, ocupava o sétimo lugar. O banco espanhol tem hoje 5,03% do mercado do agronegócio; em 2015, não chegava a 3%, segundo dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Nesse período, o Santander aumentou 127% sua carteira no setor.
A meta é atingir, pelo menos, 10% do mercado em três anos, disse o diretor de agronegócio, Carlos Aguiar Neto, comemorando liderança nos repasses do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), para 2018/2019.
O maior foco do banco no agronegócio teve início em finais de 2015. “Criamos uma estrutura nova, com diretoria específica para o setor e reforço de equipe, com mais de 50 agrônomos, 150 gerentes de relacionamento espalhados pelas agências no país, e especialistas em suporte de operações com grandes empresas”, afirmou Aguiar, com soluções financeiras para toda a cadeia (“Antes, dentro e depois da porteira”). O banco conta hoje com 16 lojas agro, pontos de atendimento especializado em diferentes regiões do país, e mais seis unidades serão inauguradas ainda este ano.
Líder entre os privados, com saldo de R$ 22.8 bilhões na carteira rural, o Bradesco tem 7,8% do mercado. O agronegócio representa cerca de 7% das atividades do banco. “A expectativa é elevar a participação no agronegócio este ano, olhando sempre o setor de forma integrada“, afirmou o diretor de empréstimos e financiamentos, Leandro Diniz, empenhado no relacionamento com o cliente.
Para isso, o banco desenvolve plataformas específicas para consultoria e novos negócios na agropecuária. “A ideia é ter cobertura nacional”, disse ele, atento a oportunidades no Tocantins, Pará, Maranhão e Piauí. Palestras, reuniões com o empresariado e dias de campo também fazem parte do trabalho. “Foram mais de 100 palestras pelo Brasil no primeiro semestre do ano”, destacou Diniz.
Para o superintendente de crédito rural do Sicredi, Antonio Sidinei Senger, o princípio cooperativo é o grande diferencial da instituição, com “cerca de 600.000 associados no campo”, disse, com R$ 16.1 bilhões reservados para a safra 2018/2019, e previsão de 213.000 operações. Desse total, R$ 14.2 bilhões serão para custeio, comercialização e investimentos e R$ 1.9 bilhão com recursos do BNDES e do Fundo Constitucional do Centro Oeste.
Segundo Senger, o crédito rural e direcionado do Sicredi representa 45% dos financiamentos da instituição. Com saldo de R$ 17.1 bilhões na carteira rural, o banco cooperativo tem quase 6% do mercado brasileiro. “O crescimento é constante”, afirmou o superintendente, que aplicou na safra passada R$ 14.2 bilhões, acima dos R$ 12.4 bilhões do período anterior. Mais de 65% das 185.000 operações foram com pequenos produtores.
Fonte: Valor Econômico