O dólar fechou em alta de 1%, cotado a R$ 3,8019 para compra e a R$ 3,8034 para venda, com máxima a R$ 3,8225 e mínima a R$ 3,7812, diante da cautela do mercado com a cena eleitoral local e seguindo o exterior, em ambiente de guerra comercial entre Estados Unidos e seus parceiros.
O dólar fechou na maior cotação desde 19 de julho (R$ 3,8448).
O Brasil está entrando num momento ímpar e parece que os participantes do mercado em seus diversos segmentos estão num “corner”, diante de “tantas incertezas e dúvidas” no noticiário diariamente, disse o economista Sidnei Nehme, sócio da NGO Corretora, em comunicado para clientes.
As informações sobre a corrida eleitoral ganham ainda mais importância diante das perspectivas para a atividade econômica e para as contas públicas que hoje se mostram mais desafiadores do que no passado recente, disse Nehme.
Com mais de 30% dos eleitores com votos brancos e nulos, e os eleitores indecisos, o evento é visto como uma grande oportunidade para candidatos melhorarem seu desempenho, escreveu a corretora XP Investimentos em nota, se referindo ao primeiro debate entre os candidatos à Presidência nesta noite.
O mercado tem se mostrado bastante sensível à corrida eleitoral, com candidatos que considera os mais inclinados às reformas e ajuste fiscal, sem ganhar tração na preferência do eleitorado, com destaque para Geraldo Alckmin (PSDB).
Em duas pesquisas realizadas apenas no Estado de São Paulo, o tucano e ex-governador paulista aparece em empate técnico com o candidato do PSL, Jair Bolsonaro.
O mercado também não gostou da notícia de que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) aprovaram na véspera aumento de 16,38% em seus salários a partir de 2019, encaminhando a proposta ao Ministério do Planejamento, o que deverá gerar efeito cascata em todo o Judiciário.
Caso aprovado, os reajustes, com o seu efeito cascata, podem aumentar em mais R$ 1.4 bilhão as despesas do governo no ano que vem cuja meta de déficit primário é de R$ 139 bilhões.
Aparentemente, os poderes não intuíram a gravidade da situação fiscal brasileira, disse o economista-chefe do Home Broker ModalMais, Alvaro Bandeira.
O Banco Central brasileiro ofertou e vendeu 4.800 contratos de swap cambial tradicional. Com a venda de hoje, o BC já rolou US$ 1.68 bilhão do lote de US$ 5.255 bilhões que vence em setembro.
BC ganhou R$ 8.6 bilhões com swap cambial em julho
O Banco Central fechou julho com um ganho de R$ 8.607 bilhões em suas operações de swap cambial. Em agosto, até o dia 3, houve uma perda de R$ 2.115 bilhões. No ano, a conta está negativa em R$ 9.937 bilhões.
Os swaps são contratos de derivativos por meio dos quais o BC oferece ao mercado proteção contra oscilações excessivas do câmbio. Em linhas gerais, o BC é perdedor quando o dólar sobe diante do real e ganhador com a valorização da moeda nacional.
Desde maio, a autoridade intensificou o uso desse instrumento, em meio a um processo de volatilidade do mercado, com a desvalorização do real frente ao dólar. Em julho, contudo, a moeda americana interrompeu uma sequência de cinco meses de valorização e fechou o mês com queda de 3,18%.
O estoque de swaps é de US$ 67.4 bilhões, após ter encerrado o ano de 2017 em US$ 23.8 bilhões. O presidente do BC, Ilan Goldfajn, já afirmou que, se necessário, a oferta dos contratos poderá superar os valores máximos utilizados no passado, de US$ 115 bilhões.
Em julho, as reservas internacionais do País, quando convertidas em reais, registraram uma perda de R$ 46.680 bilhões. No mês de junho, o valor das reservas aumentou em R$ 35.823 bilhões. Nos três primeiros dias de agosto, caíram R$ 13.640 bilhões.
No mercado internacional, por volta das 17h30 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em alta de 0,25%, cotado aos 95,44 pontos, enquanto o euro estava em baixa de 0,69%, cotado a US$ 1,1530.
Fortalecimento do dólar em relação aos emergentes pesa sobre os juros futuros
O movimento de fortalecimento do dólar em relação às divisas emergentes, desencadeado, sobretudo, pela intensa desvalorização da lira turca, pesou sobre o mercado brasileiro e exerceu também efeitos sobre a curva de juros futuros no pregão desta quinta-feira (9). O dólar fechou acima de R$ 3,80 e os DIs registraram, em média, avanço de 0,13%, com movimento mais forte no centro da curva.
Continua exercendo pressão também o incerto quadro eleitoral. Hoje, às 22h, acontece o primeiro debate com os candidatos à Presidência pela TV Bandeirantes. Estão confirmados Álvaro Dias (Podemos), Cabo Daciolo (Patriota), Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede), Jair Bolsonaro (PSL), Guilherme Boulos (PSol), Henrique Meirelles (MDB) e Ciro Gomes (PDT).
Circularam no mercado também boatos sobre a pesquisa semanal do Ipespe para a XP Investimentos, que deve ser divulgada nesta sexta-feira (10), mostrando o fortalecimento de Fernando Haddad (PT).
A semana tem sido volátil e os boatos sobre o enfraquecimento de candidatos pró-mercado tem pesado sobre os ativos. Segundo Bruno Marques, gestor dos fundos multimercados da XP Gestão, o mercado precificou muito rápido, nas últimas semanas, um resultado eleitoral bom e está lidando com as primeiras decepções.
O mercado se animou nas últimas semanas, com o que pareceu ser um fortalecimento do candidato do PSDB Geraldo Alckmin. O ex-governador de São Paulo conquistou o apoio do chamado Centrão e apareceu na frente do concorrente Jair Bolsonaro (PSL) na última pesquisa Ibope em São Paulo.
Na terça-feira (7), no entanto, boatos indicavam o enfraquecimento de Alckmin e ontem foi divulgada a pesquisa CNT/MDA com as intenções de voto, em São Paulo. A amostragem confirmou que o tucano seguia sem avançar em seu principal colégio eleitoral, São Paulo. Ele apareceu em empate técnico com Bolsonaro, mas numericamente abaixo.
O gestor de renda fixa da Franklin Templeton, Rodrigo Borges, disse que aumentou a inclinação da curva a termo nesta semana, indicando que o mercado continua tranquilo com a política monetária no curto prazo, mas têm mais aversão ao risco de olho no futuro.
Vale destacar que o Tesouro Nacional realizou, hoje, leilão de títulos pré-fixados, o que geralmente pesa na curva a termo com a maior quantidade de títulos em circulação. Foram vendidas 50.000 NTN-Fs com vencimento em janeiro/2029, 50% do que foi ofertado para este título e 3.5 milhões de LTNs em três vencimentos, 100% da oferta dos títulos.
Ao fim da sessão regular, às 16h, o DI janeiro/2020 encerrou com taxa de 8,09% (7,99% no ajuste anterior), o DI janeiro/2021 terminou com taxa de 9,16% (9,03% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2025 fechou o pregão com taxa de 11,28% (11,15% no ajuste anterior).