A entressafra do leite no Sudeste e Centro-Oeste do país, o ritmo mais fraco da captação de matéria-prima no Sul e os resquícios da paralisação dos caminhoneiros nos últimos dias de maio fizeram os preços ao produtor registrar forte alta, mais uma vez, em julho.
Levantamento da Scot Consultoria mostra que no mês passado, os produtores receberam, em média, R$ 1,230 pelo litro do leite entregue em junho. O valor é 5,6% superior ao do pagamento anterior. Em junho, quando os efeitos da paralisação dos caminhoneiros foram mais sentidos, a alta já havia sido significativa, de 4,3%.
A pesquisa de preços da Scot é realizada com agentes (como cooperativas e laticínios) em 18 estados brasileiros. Segundo Rafael Ribeiro, analista da Scot, o ritmo de captação de leite no Sul do país está abaixo do esperado para esta época do ano. A razão é o tempo mais seco e os custos de produção maiores em decorrência da alta do milho.
O Índice Scot de Captação de Leite mostra que em julho o volume de coletado no Rio Grande do Sul subiu 2% em relação a junho. Os dados são parciais, mas indicam um ritmo de captação bem inferior ao de julho de 2017, quando subiram 5,7% sobre o mês anterior. Na média nacional, houve queda na captação da matéria-prima na mesma comparação, de 1,3%, em função da entressafra no Sudeste e Centro-Oeste.
Enquanto os preços de leite cru ao produtor seguiram firmes em julho, a cotação do longa vida no atacado recuou na segunda quinzena do mês, refletindo a demanda desaquecida e a dificuldade das indústrias de repassarem a alta.
Segundo levantamento da Scot, a média na primeira quinzena de julho foi de R$ 3,16 por litro no atacado paulista. Na segunda quinzena, o preço caiu para R$ 3,12. No varejo, saiu de R$ 3,72 por litro para R$ 3,85 na mesma comparação.
A expectativa, segundo Ribeiro, é que os preços ao produtor sigam em alta no curto prazo, embora num ritmo mais fraco, especialmente nos estados que estão no período de entressafra.
Pesquisa da Scot sobre os preços do leite nos 18 Estados do país indica que 59% dos entrevistados esperam alta nos preços ao produtor em agosto, 38% acreditam em estabilidade e 3% em queda.
Fonte: Valor Econômico