Soja fecha em forte alta na Bolsa de Chicago reagindo às notícias sobre conversas entre EUA e China

Os contratos futuros da soja na Bolsa de Chicago fecharam em forte alta, pela sexta sessão consecutiva. Os principais vencimentos registraram ganhos de 28 a 28,75 centavos, com o setembro/18 cotado a US$ 9,08 ¾ e o novembro/18 a US$ 9,19 o bushel.

Os preços da soja negociados na Bolsa de Chicago dispararam na tarde desta terça-feira (31) depois do anúncio de que China e Estados Unidos retomaram suas conversas sobre a corrente guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.

Do ponto de vista técnico, rompida a resistência no novembro/18 entre US$ 8,97 e US$ 9,01, a próxima resistência está situada entre US$ 9,15 e US$ 9,23. Um fechamento acima de US$ 9,23 pode levar o novembro/18 para US$ 9,40.

Os contratos futuros do farelo de soja na Bolsa de Chicago também fecharam em alta. Os principais vencimentos registraram ganhos de US$ 7,00 a US$ 7,70, com o setembro/18 cotado a US$ 339,90 e o dezembro/18 a US$ 341,40 a tonelada curta.

Segundo informações da Bloomberg, os representantes da Secretaria do Tesouro dos EUA, Steven Munchin, e o vice primeiro ministro chinês Liu He voltaram a se encontrar para conversas privadas, em uma forma de buscar retomar suas negociações.

A sinalização do fim dessa disputa entre as duas maiores economias do mundo, mesmo que ainda no campo dos rumores, tem sido sempre bem recebida pelos mercados.

Analistas internacionais, por sua vez, chamam a atenção para o alcance dessas notícias. “A informação de que as conversas voltaram a acontecer está aí, mas a questão é quem são as pessoas que estão realmente envolvidas nessas negociações e o quanto isso é substancial”, diz Jason Browne, gestor da FundX Investment Group, de São Francisco, nos EUA, em entrevista à Reuters.

Além da questão internacional, o mercado também segue de olho em uma melhor demanda pela oleaginosa norte-americana, do bom momento dos preços do trigo e das condições climáticas nos EUA que começam a preocupar no Meio-Oeste americano.

As condições climáticas para o Centro-Oeste dos Estados Unidos não se mostram confortáveis para o produtor. Neste último fim de semana, as previsões decepcionaram os sojicultores de Illinois e Missouri. Até a sexta-feira, 27, precipitações estavam previstas para atingir as principais regiões do Centro-Sul do Cinturão. No entanto, as chuvas não se confirmaram, informam os analistas da consultoria AgResource MERCOSUL (ARC).

E para os próximos dias, as chuvas também deverão continuar mais escassas em partes dos estados de  Iowa, Wisconsin e Minnesota e, no período dos próximos 10 dias, trazem índices pluviométricos abaixo da média para a grande maioria do Centro-Oeste norte-americano, ainda segundo as informações da ARC.

Safra brasileira 2018/19

O plantio de soja no Brasil na safra 2018/19, a partir de setembro, deve aumentar 3%, para um recorde de pouco mais de 36 milhões de hectares. Preços atraentes e uma demanda global consistente estimulam os produtores do maior exportador global da oleaginosa, disse nesta terça-feira a Datagro.

“Se isso realmente for confirmado, será o 12º ano consecutivo de aumento na área plantada com soja no Brasil”, disse o chefe do setor de grãos da consultoria, Flávio França Júnior, em teleconferência online.

Pelas previsões preliminares da Datagro, a produção potencial para o ciclo é de cerca de 121 milhões de toneladas, também uma marca histórica, após aproximadamente 118 milhões de toneladas em 2017/18.

Além da demanda forte, em especial por parte da China, e de cotações remuneradoras, em meio à apreciação do dólar, França Júnior também citou o limitado interesse dos produtores por culturas alternativas, como milho e algodão, e um cenário de preços atrativos em 2019 como fatores para a perspectiva de maior semeadura.

Algumas incertezas, porém, devem limitar a expansão de área, incluindo custos de produção maiores, indefinições com fretes e instabilidade cambial durante o período de eleições, que coincide justamente com a tomada de decisão do produtor quanto ao plantio de soja.

“Esse dólar a R$ 3,70, R$ 3,80 não é uma taxa de equilíbrio. Se tivermos um candidato pró reformas avançando nas pesquisas, essa taxa de câmbio vai cair… Tem risco bastante alto de plantarmos com uma taxa de câmbio alta e, quando formos negociar, no próximo ano, termos um câmbio muito baixo”, destacou o analista da Datagro.

Mercado Brasileiro

O dólar também subiu nesta terça-feira e ajudou a puxar as cotações da soja no mercado brasileiro. Os ganhos da oleaginosa no mercado nacional foram quase que generalizados, chegando aos 5% no interior do país.

Em pontos de Mato Grosso, como Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis, as altas foram de quase 3% e levaram os preços da saca de volta à casa dos R$ 70,00. Em São Gabriel do Oeste/MS, alta de 1,35%, com a saca cotada a R$ 75,00 e de 2,37% em Castro, no Paraná, com a saca cotada a R$ 87,00.

Nos portos, destaque para a saca no mercado disponível em Paranaguá que subiu 0,55% e foi cotada R$ 91,50. No mercado futuro, a saca para embarque em fevereiro/19 registrou alta de 1,23%, cotada a R$ 82,00. Em Rio Grande, tanto a no mercado disponível, quanto no mercado futuro para embarque em agosto/18, a saca subiu 1,14%, sendo cotada a R$ 88,50 e R$ 89,00, respectivamente.

Apesar das altas em Chicago e do dólar, com os prêmios permanecendo em níveis recordes, o que ainda limita os negócios no Brasil é o entrave dos fretes.

A consulta pública sobre o caso permanece aberta na ANTT (Agência Nacional dos Transportes Terrestres) até o próximo dia 3 de agosto e, na sequência, uma audiência pública com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux será realizada. Até que isso se resolva, uma nova tabela não será divulgada e o fluxo da comercialização no país, portanto, não evolui com todo seu potencial.

Os altos valores da tabela inviabilizam novos negócios e até este momento, os volumes de produtos que chegam aos portos nacionais têm sido trazidos por vagões de trens lotados de soja, farelo e milho ou por caminhões de frotas próprias de produtores ou grupos agrícolas e empresas. Para a nova safra, os novos negócios são ainda mais escassos.

“Está tudo parado da safra nova, que já não existe intenção de negócios até que se encerre o tabelamento ou se crie um preço mínimo baixo que dê condição de negociar os valores dentro da realidade do mercado, e não como esta tabela trazida em maio, que deixou os valores para os grãos inviáveis de transportar”, disse o consultor Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting.

Milho: Mercado acompanha as condições climáticas nos EUA e fecha em alta na CBOT pela quarta sessão consecutiva

Os contratos futuros do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) voltaram a fechar em alta. Os principais vencimentos registraram ganhos de 5 a 5,25 centavos. O setembro/18 fechou cotado a US$ 3,72 ¼ e o dezembro/18 a US$ 3,86 ½ o bushel.

Os contratos futuros do trigo na Bolsa de Chicago fecharam em alta. Os principais vencimentos registraram ganhos de 6 a 7,25 centavos, com o setembro/18 cotado a US$ 5,53 ¾ e o dezembro/18 a US$ 5,73 ¼ o bushel.

Segundo informações da Reuters, “os contratos futuros do milho aumentaram os ganhos devido às preocupações com as previsões de tempo quente para as principais regiões de produção no Meio-Oeste, como Iowa, possam estressar a safra”.

A AgResource reportou que o cenário climático não se mostra tão favorável aos produtores. As chuvas previstas em alguns estados como Illinois e Missouri decepcionaram. “Já as chuvas previstas na semana anterior em muitas regiões do centro-sul do Cinturão não foram confirmadas”, completa.

Ainda nesta segunda-feira, o USDA manteve em 72% o percentual de lavouras de milho em boas ou excelentes condições. 91% das lavouras estão em fase de embonecamento. Na semana anterior, o percentual era de 81% e a média dos últimos anos é de 82% para o período.

No entanto, em Illinois, o percentual de lavouras em boas ou excelentes condições de milho recuou de 82% para 80%. No Missouri, onde esteve seco durante grande parte da estação de crescimento, 33% da safra de milho alcançou as melhores avaliações, abaixo dos 35% uma semana antes, informou o Agriculture.com.

Entre os dias 5 a 9 de agosto, o NOAA, prevê temperaturas acima do normal em grande parte do cinturão de produção. As chuvas deverão ficar abaixo da média em algumas partes do Meio-Oeste.

México e Argentina

O México, que é o maior comprador de milho dos Estados Unidos, quer importar 1 milhão de toneladas do grão da Argentina diante do prolongamento das negociações a respeito do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA).

Alejandro Salido, diretor da Aserca, a agência de comércio agrícola do Governo mexicano, disse ontem (30) que 1 milhão de toneladas seria um bom começo, de forma que só se necessitaria que os compradores e vendedores cheguem a um acordo.

Os políticos mexicanos, incluindo o secretário de Agricultura, Baltazar Hinojosa Ochoa, se reuniram com o governo argentino e integrantes da indústria em Buenos Aires na semana passada, dentro da reunião de ministros de Agricultura do G20. O México quer diversificar seus fornecedores de milho, trigo e soja em face aos transtornos do NAFTA.

Grupos agrícolas norte-americanos e companhias comerciais criticaram o governo de Trump após a China colocar taxas de represália sobre a soja dos Estados Unidos, de forma que as negociações do NAFTA estão estancadas.

O México importa cerca de 14 milhões de toneladas de milho por ano, principalmente dos Estados Unidos. O país ainda quer até 500.000 toneladas de trigo argentino para substituir a falta de fornecimento dos Estados Unidos.

Mercado interno

Segundo levantamento realizado pela equipe do Notícias Agrícolas, em Sorriso (MT), a saca subiu 18,42% e foi cotada a R$ 22,50. Em Campo Novo do Parecis (MT), a alta foi de 2,50%, com a saca cotada a R$ 20,50.

Ainda no estado, em Tangará da Serra, a saca foi cotada a R$ 22,50, em alta de 2,27%. No Porto de Paranaguá, a saca no mercado futuro, para embarque em setembro/18 subiu 1,27% e foi cotada a R$ 40,00.

Na contramão desse cenário, em Assis (SP), a saca caiu 3,08%, para R$ 31,50. No Oeste da Bahia, a queda foi de 1,59%, com a saca cotada a R$ 31,00.

“E essa alta em Chicago dá um fôlego ao mercado interno. Nos portos podemos chegar a cotações de R$ 40,00 a saca. O mercado está reagindo porque os portos puxaram e acabam trazendo uma pressão positiva ao mercado doméstico”, disse Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting.

Além disso, a retração nas vendas por parte dos produtores também tem dado suporte aos preços do cereal, segundo os analistas. Do mesmo modo, a quebra na safrinha e o impasse no tabelamento do frete permanecem no radar dos participantes do mercado.

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