Custo de insumos para a produção de grãos deve subir até 25%

Os custos com insumos para a produção de soja e milho na safra 2018/19 deverão subir entre 20% e 25%, segundo Henrique Mazotini, presidente da Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (ANDAV).

Segundo ele, o aumento previsto reflete uma série de fatores: “O setor está com vários problemas específicos neste ano: frete aumento de matéria-prima, dólar, eleições, disputa entre EUA e China, aumento de combustíveis. Esse cafezinho nosso aqui é bom, mas vai ficar mais caro”, disse.

Mazotini lembra que na conta dos insumos entra uma alta de 15% de variação cambial, grande parte dos adubos, agrotóxicos e sementes usadas no país é importada, e afirma que o incremento com custos logísticos em decorrência do estabelecimento da tabela de fretes mínimos rodoviários ainda são incertos.

“Temos menos de 30 dias úteis até o início do plantio da próxima safra e a demanda vai ser grande”, afirmou. Até o momento, destaca os canais de distribuição realizaram as vendas de 50% dos insumos que serão usados na produção de soja e milho em 2018/19, que a ANDAV calcula que crescerá 10% em relação ao ciclo passado. No mesmo período do ano passado, as vendas já haviam alcançado entre 70% e 80% do total que seria destinado a esses grãos na temporada 2017/18.

“Estávamos num voo normal no ano passado”, disse Mazotini. Boa parte da venda dos insumos para 2018/19 ocorreu entre fevereiro e março, antes da paralisação dos caminhoneiros e do estabelecimento da tabela de fretes rodoviários.

Agora, a maior preocupação do dirigente é que a falta de norte com relação aos fretes atrase a entrega de adubos para o próximo plantio. “Em algumas regiões, vai ter atraso do plantio de soja e, assim, atraso da safrinha de milho. As janelas ideais de plantio ficarão mais curtas, o que pode afetar a produtividade”, disse.

Se confirmado, o atraso no plantio de soja poderá levar a um aumento da demanda por sementes de variedades precoces de milho para cultivo na safrinha. E, como o abastecimento não está normalizado, poderá haver falta dessas sementes, prejudicando os investimentos na safrinha de forma geral.

O aumento do valor da matéria-prima para a formulação de agrotóxicos é outro problema ainda não superado pela indústria. O fechamento de milhares de fábricas de produtos químicos na China teve forte influência sobre o aumento dos custos de produção de defensivos no Brasil e em diversos outros países. “Alguns defensivos agrícolas subirão na casa dos 25% e 30%”, disse o presidente da ANDAV.

As eleições presidenciais no Brasil, que tradicionalmente trazem volatilidade ao mercado, associada à guerra comercial entre Estados Unidos e China, são outros motivos de atenção para a safra 2018/19.

“Incertezas nunca são boas. Nós ficamos como ‘salsicha no cachorro-quente’ enquanto os EUA brigam com a China”, disse. Segundo ele, ainda não está claro se a soja brasileira será mesmo beneficiada pelas divergências entre Washington e Pequim no médio e longo prazo.

Pelo menos um problema que atrapalhou muito o segmento no ano passado está superado: o excesso de estoques de defensivos nos canais de distribuição. Houve controle da nossa parte e do fabricante. Ainda “tem um estoque nosso para rodar, mas estamos em um processo de equilíbrio”, disse Mazotini.

Para a safra 2018/19, a ANDAV avalia que as vendas de defensivos agrícolas alcançarão entre US$ 9 bilhões e US$ 10 bilhões. Desse total, cerca de 10% ainda será de vendas dos estoques dos canais de distribuição, disse o presidente da entidade.

Valor

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