Trump acusa China e União Europeia de manipular moedas e juros

O presidente americano, Donald Trump, escreveu no Twitter nesta sexta-feira (20/7) que a “China, União Europeia e outros estão manipulando suas moedas e as taxas de juros, enquanto os Estados Unidos estão aumentando as taxas e o dólar se fortalece mais e mais a cada dia, tirando a vantagem competitiva” americana.

“Como de costume, não há igualdade de condições”, acusou Trump na rede social. “Os Estados Unidos não devem ser penalizados porque estamos indo muito bem. Os EUA devem ter permissão para recuperar o que foi perdido devido à manipulação ilegal de moeda e acordos comerciais ruins. Dívida vencendo e estamos aumentando as taxas – Sério?”, questionou o presidente americano que, na quinta-feira (19/7), disse que não está contente com o Federal Reserve por ter elevado a taxa de juros do país duas vezes neste ano, para o intervalo entre 1,75% e 2,0%.

Hoje, a China definiu a paridade do yuan no patamar mínimo em um ano em relação ao dólar, seguindo a queda registrada pela moeda chinesa na quinta-feira. O PBoC (banco central chinês) definiu a taxa de referência do dólar a 6,7671 yuans em comparação com 6,7066 do dia anterior, uma desvalorização de 0,9%. Esta também foi a maior queda percentual diária em dois anos.

Embora não seja possível afirmar que o enfraquecimento da moeda chinesa é intencional, o fato é que isso torna as exportações do país asiático menos caras para os investidores estrangeiros, o que não deixa de ser uma resposta às novas ameaças de taxação por Trump de todas as exportações chinesas para os EUA.

Em entrevista ao canal CNBC nesta sexta-feira, Trump disse estar disposto a disposto a impor tarifas sobre os US$ 500 bilhões em produtos importados da China, ameaçando escalar o atual confronto comercial com Pequim. “Estamos em uma quantidade tremenda”, disse Trump na entrevista, comentando o que considera como os desequilíbrios comerciais com o gigante asiático. “Estou pronto para ir para US$ 500 bilhões”, disse.

Como a cotação de referência do yuan é definida pelo banco central, ainda que com base em cotações de mercado e uma banda de 2% para variações, o comportamento da moeda chinesa acaba por ser questionado, já que a grande parte dos “players” são bancos estatais.

Já sobre a política monetária chinesa, de fato o viés é de flexibilização com as reduções de compulsórios bancários que vêm sendo feitas. O motivo é a desaceleração da atividade econômica que se insinua no país. Até mesmo uma expansão fiscal é aventada para ser adotada em breve por esta mesma razão.

No caso do euro, moeda de grande parte da União Europeia, a situação é diferente por sua cotação ser totalmente definida pelo mercado. Portanto, o fato de o euro estar caindo cerca de 2,5% neste ano contra o dólar têm muito mais relação com a força do dólar, já que o Fed está elevando os juros e a economia americana está firme.

Sobre a política monetária, o Banco Central Europeu (BCE) já anunciou o fim de seu programa de compras de ativos e provavelmente começará a elevar em 2019 suas taxas. No Reino Unido, a expectativa é de já em agosto haja novo aperto monetário.

A primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, disse hoje que vê uma “situação muito séria” no comércio global e declarou que as possíveis novas tarifas planejadas pelos Estados Unidos vão prejudicar a todos.

Merkel reiterou que a União Europeia está preparada para retaliar os EUA comercialmente, caso Trump leve adiante a ideia de impor tarifas às importações de carros e autopeças.

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, viaja a Washington na semana que vem para debater o tema com o presidente americano na quarta-feira (25/7).

A primeira-ministra alemã elogiou a iniciativa de Trump convidar o presidente russo, Vladimir Putin, para uma nova reunião, desta vez em Washington. “Acho que deve voltar a ser normal para os presidentes da Rússia e dos EUA se encontrarem”, disse Merkel. Segundo ela, a relação com os EUA é crucial, embora “esteja sob uma forte pressão no momento”.

 

Fonte: Valor

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp