EUA devem exportar menos soja e algodão

A disputa comercial entre os Estados Unidos e a China levou o USDA a rever para baixo as estimativas para as exportações americanas de soja e de algodão ao mesmo tempo em que elevou as previsões para os embarques brasileiros dos dois produtos na safra 2018/19.

Com a entrada em vigor da sobretaxa de 25% sobre a soja americana imposta pela China, o USDA estimou, em relatório de oferta e demanda divulgado na quinta-feira, que os EUA exportarão 55.52 milhões de toneladas no ciclo. A projeção de junho, quando a taxa chinesa ainda era só uma ameaça, era de que os embarques de soja alcançariam 62.32 milhões de toneladas.

A previsão de exportações menores reflete a expectativa de queda nos embarques à China, o maior importador mundial da oleaginosa. Tanto o USDA quanto o Ministério da Agricultura da China reduziram, na quinta-feira, de 103 milhões para 95 milhões de toneladas a estimativa para importação de soja pelo país asiático em 2018/19.

Nesse cenário de disputa entre as duas maiores economias mundiais, os exportadores brasileiros de soja devem ser favorecidos. Segundo o USDA, o Brasil deve embarcar 75 milhões de toneladas de soja à China, a previsão anterior era de que os embarques somariam 72.95 milhões de toneladas.

Com o comércio global afetado pela disputa, os estoques finais de soja tendem a subir no mundo. Contribui para isso o quadro favorável para a safra americana de soja, que fez o USDA elevar a estimativa de colheita nos EUA de 116.48 milhões para 117.3 milhões de toneladas na safra 2018/19. Como resultado desse cenário, os estoques do país deverão somar 15.77 milhões de toneladas, aumento de 5 milhões de toneladas em relação ao estimado em junho.

O USDA também elevou a projeção para a colheita de soja no ciclo 2018/19 no Brasil, o maior produtor mundial, para 120.5 milhões de toneladas. Eram 118 milhões em junho. Para a Argentina, terceiro maior exportador mundial, projetou produção de 57 milhões de toneladas, 1 milhão acima do estimado mês passado.

Apesar do quadro mais negativo apontado pelo USDA, a soja, que já tinha atingido a menor cotação em 10 anos nos últimos dias, fechou em leve alta em Chicago. O contrato com vencimento em agosto subiu 0,75 centavos para US$ 8,33 ¾ o bushel.

No caso do algodão, o USDA reduziu as previsões para a produção dos EUA na safra 2018/19, de 4.25 milhões de toneladas para 4.03 milhões, em decorrência de problemas climáticos no país.

As exportações também devem recuar, conforme as novas previsões, refletindo o embate com a China, já que o algodão é outro produto americano sobretaxado por Pequim. Segundo o USDA, as exportações dos EUA em 2018/19 devem totalizar 3.27 milhões de toneladas, abaixo das 3.37 milhões de toneladas previstas em junho.

Nesse caso, o Brasil também deve ser beneficiado. O USDA estimou que o país deve embarcar 1.18 milhão de toneladas de pluma no período, 10,2% mais que o previsto em junho. Se confirmado, o volume levará o Brasil ao posto de segundo maior exportador mundial de pluma. A previsão para os embarques indianos também cresceu.

Para a China, maior produtora global de algodão, o USDA manteve a previsão de importação em 1.52 milhão de toneladas e a colheita em 5.77 milhões de toneladas.

Embora o mercado esperasse um aumento nos estoques finais de algodão dos EUA por causa da disputa com os chineses, o USDA cortou a previsão, de 1.02 milhão de toneladas para 870.900 toneladas. A redução fez os preços dispararem na bolsa de Nova York. O contrato com vencimento em outubro subiu 400 pontos a 88,54 centavos de dólar por libra-peso.

Em seu relatório, o USDA estimou que os EUA, maior produtor de milho do mundo, devem colher 361.46 milhões de toneladas, 1,4% acima da projeção de junho e 2,6% menor que no ciclo 2017/18. Apesar da elevação, a produção estimada ficou abaixo da expectativa dos analistas, o que sustentou o preço em Chicago.

Para o Brasil, o USDA manteve as estimativas para produção e exportação de milho na safra 2018/19, em 96 milhões de toneladas e 31 milhões de toneladas, respectivamente.

Valor

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp