Soja: mercado fecha novamente em baixa na CBOT, aguardando os desdobramentos da guerra comercial EUA x China

Os contratos futuros da soja fecharam em baixa pelo quinto pregão consecutivo, com os principais vencimentos registrando quedas de 8,50 a 8,75 centavos. O agosto/18 fechou cotado a US$ 8,39 ¼ e o novembro/18 a US$ 8,55 ¾ o bushel.

Ênio Fernandes, consultor da Terra Agronegócios, lembra que o dia antecede a uma possível taxação de Donald Trump sobre as importações da China, o que implicará em uma retaliação por parte dos asiáticos. Este é, portanto, o principal fator que impacta o mercado neste momento.

Tudo irá depender do que vai ocorrer amanhã, segundo Fernandes. Caso Trump adie a decisão ou não exerça a taxação, Chicago pode recuperar algumas posições, embora não seja possível saber como será essa recuperação. O consultor lembra que coerência não é uma das principais características de Trump.

A demanda por soja brasileira irá ficar mais forte e as exportações devem ficar acima de 75 milhões de toneladas caso esse cenário se concretize. Também poderá haver uma exportação recorde de farelo, com o mercado internacional “limpando” os estoques brasileiros.

A venda da soja disponível, no momento, está dependendo da necessidade do comprador. Os prêmios trazem oportunidades para as negociações e a única coisa que pode fazer os preços cederem é uma possível queda do dólar. O tabelamento dos fretes não está superado, mas o mercado está se adaptando.

Segundo o analista de grãos do Rabobank, Victor Ikeda, a soja tem sofrido bastante com o movimento intenso de queda dos preços em Chicago, que cederam para os menores patamares em dois anos. Contudo, os prêmios seguem em alta no Brasil que, ajudado pelo dólar, encontram bons preços nos portos, o que corrobora a tendência de alta para o próximo ciclo.

O Brasil deve plantar cerca de 36 milhões de hectares, 1.3 milhão de hectares a mais do que na safra anterior. O Rabobank estima uma produção conservadora, entre 116 e 117 milhões de toneladas.

A questão do tabelamento dos fretes também impacta na situação, já que está ocorrendo atraso nas entregas de insumos para a safra 2018/19. Contudo, ainda não há um cenário claro do quanto isso poderá afetar diretamente nas previsões.

Com a produção mundial menor, devido à quebra na Argentina, há uma perspectiva também de que o quarto trimestre ajudaria na recuperação dos preços em Chicago. Ainda é preciso aguardar, também, os reais efeitos da tarifação americana sobre a China.

Argentina

A Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA) informou em seu Panorama Agrícola Semanal (PAS), divulgado hoje, que a Argentina finalizou sua colheita de soja.

Ao todo, foram colhidas 36 milhões de toneladas de soja, refletindo uma queda anual de 37,4%, sendo esta a menor produção desde a safra 2008/09.

O rendimento foi de 2.140 kg (35,6 sacas) por hectare, 33% abaixo do da safra 2016/17.

Os resultados refletem o forte déficit causado pela seca que afetou a maior parte da região agrícola nacional por mais de oito semanas, comprometendo a condição do cultivo em suas etapas reprodutivas críticas.

Milho: preocupações com o calor no Meio-Oeste deram suporte e mercado fecha em leve alta na CBOT

Os contratos futuros do milho fecharam praticamente estáveis, com os principais vencimentos registrando altas de 0,25 a 0,50 centavos. O setembro/18 fechou cotado a US$ 3,52 ¼ e o dezembro/18 a US$ 3,64 ½ o bushel.

Os contratos futuros do trigo voltaram a fechar em alta, com os principais vencimentos registrando ganhos de 11,75 a 14,50 centavos. O setembro/18 fechou cotado a US$ 5,05 ½ e o dezembro/18 a US$ 5,19 ¾ o bushel.

Segundo as agências internacionais, os preços acompanharam a queda registrada no mercado da soja. Os principais vencimentos da oleaginosa foram pressionados pelas preocupações com as tarifas impostas por Pequim aos produtos americanos e que deverão entrar em vigor nesta sexta-feira (6).

“Ainda assim, as quedas do milho foram limitadas pelas preocupações com o calor excessivo no cinturão produtor nos EUA, à medida que a cultura entre em seu estágio de desenvolvimento de polinização”, informou a Reuters.

Entre os dias 10 a 14 de julho, as temperaturas deverão ficar acima do normal no Meio-Oeste americano, segundo previsão do NOAA, Serviço de Meteorologia do Governo dos Estados Unidos. No mesmo período, as chuvas deverão ficar dentro do normal, em boa parte da região, porém, alguns estados podem registrar precipitações abaixo do normal.

Ainda nesta quinta-feira, o USDA anunciou a venda de 137.000 toneladas de milho da safra 2018/18, de origem opcional, para a Coreia do Sul.

No caso do milho, a guerra comercial entre Estados Unidos e China também segue no radar do mercado. A expectativa é que esse cenário afete as exportações norte-americanas.

Já o relatório de vendas semanais do USDA, tradicionalmente reportado às quintas-feiras, será divulgado nesta sexta-feira devido ao feriado do Dia da Independência comemorado na quarta-feira.

Argentina

Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA) informou em seu Panorama Agrícola Semanal (PA), as boas condições climáticas e a finalização da colheita de soja permitiram com que a Argentina avançasse na colheita de milho.

Durante os últimos sete dias, a colheita chegou a 63%, com um avanço semanal de 7,4%.

O rendimento médio nacional é de 6 350 kg (106 sacas) por hectare, com perdas de área que já somam 171.000 hectares.

A BCBA mantém a sua estimativa de 32 milhões de toneladas para esta safra.

Milho Brasil

Na opinião do analista do Rabobank, Victor Ikeda, o milho está com a colheita de segunda safra em pleno andamento, exercendo pressão sobre os preços no mercado. A estimativa é de uma produção total por volta das 85 milhões de toneladas de milho, com estoques confortáveis. Assim, mesmo com uma produção menor, os preços não devem explodir como em 2016.

Mercado brasileiro

Segundo levantamento realizado pela equipe do Notícias Agrícolas, em Campo Novo do Parecis (MT), a queda foi de 4,55%, com saca cotada a R$ 21,00. Já em Tangará da Serra (MT), o recuou foi de 4,35%, com a saca cotada a R$ 22,00.

Na região de Campo Grande (MS), a saca caiu 1,92% e foi cotada a R$ 25,50. Por outro lado, no oeste da Bahia, a saca subiu 0,78% e foi cotada a R$ 32,25 a saca. Nas demais regiões o dia foi de estabilidade.

As cotações do cereal permanecem pressionadas devido ao avanço da colheita da safrinha no Brasil. Fora dos campos, os produtores seguem preocupados com os impactos do impasse do tabelamento do frete. Os armazéns da região estão próximos de atingirem a capacidade máxima de estocagem. Isso porque, muitas empresas ainda não escoaram a soja da safra de verão, que já foi negociada.

“Os armazéns estão lotados e muitos produtores estão utilizando silos-bolsa para o milho safrinha. E os negócios estão parados na nossa região, inclusive, com esse impasse os preços do cereal já recuaram de R$ 20,00 a saca para algo em torno de R$ 16,00 a R$ 17,00 a saca”, disse o produtor rural de Tapurah (MT), Silvésio de Oliveira.

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