Dólar sobe e fecha na maior cotação desde março de 2016

O dólar comercial fechou em alta de 0,55%, cotado a R$ 3,9335 para compra e a R$ 3,9344 para venda, com máxima a R$ 3,9416 e mínima a R$ 3,8884, na maior cotação em mais desde 1º de março de 2016 (R$ 3,9411) e a caminho da casa de R$ 3,95, com o foco na cena externa em dia de divulgação da ata do Federal Reserve, pela qual foi reforçada a percepção de mais elevações nos juros neste ano.

Com o avanço, o mercado também acredita que o Banco Central brasileiro deve voltar a atuar com mais força no mercado de câmbio.

“O Fed colocou que os riscos se intensificaram para a economia dos EUA, mas, em princípio, continuará subindo os juros”, disse o diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior.

Os banqueiros centrais dos Estados Unidos discutiram se há uma recessão próxima e expressaram preocupações de que as tensões no comércio global poderiam atingir a economia norte-americana que pela maioria dos indicadores parecia forte, mostrou a ata da reunião realizada em 12 e 13 de junho, divulgada nesta tarde.

No encontro passado, o Fed elevou as taxas de juros pela segunda vez este ano. De modo geral, a expectativa é de que os juros sejam elevados mais duas vezes neste ano.

Taxas mais elevadas tendem a atrair à maior economia do mundo recursos aplicados hoje em outras praças financeiras, como a brasileira.

“(O mercado) tende a ser defensivo”, disse Faria Jr., lembrando que no dia seguida serão divulgados mais dados sobre mercado de trabalho dos Estados Unidos, conhecidos como “payroll”, o que também será importante para os investidores calibrem suas apostas sobre juros.

Ainda no exterior, os mercados também estavam atentos à guerra comercial e ao prazo de sexta-feira, quando os Estados Unidos devem adotar taxas sobre produtos chineses, o que deve gerar retaliações da China como resposta.

No mercado internacional, por volta das 17h30 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em leve queda de 0,05%, cotado aos 94,14 pontos, enquanto o euro estava em alta de 0,30%, cotado a US$ 1,1691.

O Banco Central brasileiro ofertou e vendeu integralmente 14.000 contratos futuros de swap tradicional para a rolagem do lote de US$ 1023 bilhões que vence em agosto. Com a venda de hoje, o BC já rolou o equivalente a US$ 2.8 bilhões do lote que vence no próximo mês. Como tem feito recentemente, o BC não anunciou intervenção extraordinária no mercado de câmbio para este pregão, mas já havia especulações de que pode voltar a qualquer momento devido à alta cotação da moeda norte-americana.

Juros futuros sobem com incertezas sobre cenários externo e local

Apesar de um início do dia mais positivo, seguindo o exterior, as taxas dos contratos futuros de taxas de juros voltaram a subir nesta quinta-feira (5) na BM&F, quebrando a trajetória de ajustes que a curva tem visto nos últimos dias. As incertezas com o cenário local, em decorrência do processo eleitoral, e externo, com a trajetória de fortalecimento do dólar, tem deixado os investidores mais cautelosos.

Contribuiu para o movimento, a mudança na atuação do Tesouro Nacional no mercado de títulos públicos. Até a última semana, o Tesouro vinha realizando leilões de compra de títulos, mas volta aos poucos para a sua atuação normal. Hoje, foram vendidos 3.5 milhões de LTN, o total do lote colocado pela autoridade.

Segundo um operador, pelo fato dos investidores fazerem a compra casada dos títulos junto com o DI, a oferta do Tesouro exerceu alguma pressão para a alta das taxas. Foram vendidas também 2.097 milhões de LFT.

As perspectivas com as eleições presidenciais também vão ganhando força na medida em que se aproxima a data da votação. David Cohen, da Paineiras Investimentos, disse que o mercado tem acompanhado de perto a formação de alianças entre partidos e que a percepção é de que o candidato Geraldo Alckmin (PSDB) tem encontrado dificuldades em firmar parcerias e que o chamado “Centrão” poderia apoiar Ciro Gomes (PDT). “O mercado está apreensivo, buscando hedge para proteger suas carteiras.”

O mercado segue na expectativa também de possíveis indicações da condução da política monetária pelo presidente do presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, que foi entrevistado pela jornalista Mirian Leitão, da Globonews, na manhã desta quinta, mas que será veiculada a partir das 21h30. A entrevista acontece na véspera da divulgação do IPCA, previsto para esta sexta-feira (6 de junho).

Ao fim da sessão regular, ás 16h, o DI janeiro/2020 fechou a 8,45% (de 8,37% no ajuste anterior), o DI janeiro/2021 estava cotado a 9,42% (9,32% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2025 encerrou a 11,38% (11,29% no ajuste anterior).

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