Nos próximos dias, será nomeado o comitê gestor que vai colocar em prática o Plano Nacional para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Feijão e Pulses, criado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O objetivo é ampliar o consumo interno de feijões e de pulses (grão-de-bico, ervilha e lentilha), diversificar as culturas e buscar mercados para o Brasil exportar essas leguminosas.
O Brasil é o maior produtor de feijões do mundo, com produção anual de 3,3 milhões de toneladas dessas leguminosas e movimenta R$ 8 milhões, anualmente.
O Plano foi criado dia 20 de junho, por meio de portaria assinada pelo ministro da Agricultura Blairo Maggi, a partir da identificação da demanda asiática crescente por grãos secos. A iniciativa representa o esforço do governo, por meio do Mapa, e da iniciativa privada, através do Conselho Brasileiro do Feijão e Pulses (CBFP), do Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (Ibrafe) com o apoio do Sistema Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)/Senar e de entidades do setor.
AS METAS
Entre as metas está a ampliação do consumo interno per capita anual em 5 quilos, de 16 quilos para 21 quilos por habitante. O Plano também pretende elevar as exportações de feijões e de pulses em 500 mil toneladas anuais, até 2028, e ampliar em 20% a produção de variedades diversificadas de pulses, para atender à demanda interna e externa.
“Com a diversificação, podemos acessar mercados promissores, como Índia e China, que têm demanda crescente”, afirma Marcelo Eduardo Lüders, presidente do Ibrafe. Segundo ele, a Índia é o maior consumidor mundial de pulses e tem como desafios aumentar a produção, mas esbarra em problemas climáticos.
Durante o anúncio do Plano, o ministro também destacou o potencial de exportações, especialmente de grão-de-bico e ervilhas. “A Índia tem uma demanda ao redor de 30 milhões de toneladas de pulses nos próximos 30 anos, o que é uma grande oportunidade para o Brasil”, disse Maggi. “Isso significa o cultivo de 10 milhões de hectares e representa um caminho para diversificar a produção e ampliar a renda do produtor.”
Na avaliação do presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, Luís Alberto Moraes Novaes, o Plano vai contribuir para inserir os feijões diferenciados em outros mercados. No ano passado, o País exportou 106,3 mil toneladas de feijões.
“A possibilidade da diversificação e a rotação de culturas tornará o sistema produtivo do feijão mais sustentável, além de ser uma oportunidade econômica para os produtores brasileiros”, disse Novaes durante o lançamento do Plano. “Atualmente, o consumo interno de feijão-preto, lentilha e grão-de-bico depende de importação”, acrescentou.
CASE DE MARKETING
De acordo com o presidente do Ibrafe, não existe nenhuma campanha em prol do feijão, tudo aconteceu naturalmente no Brasil, o que torna o produto um case de marketing interessante. “Com a inclusão dos feijões e dos pulses na política do governo, a expectativa é que a pesquisa e o setor se desenvolvam mais rapidamente”, afirma.
Para Lüders, o Plano representa uma grande oportunidade para o Brasil aumentar a produtividade com o uso de tecnologia, como a irrigação. Atualmente, a produtividade de feijão irrigado é de 3,9 mil quilos por hectare, ante 2,7 mil quilos por hectare no cultivo de sequeiro.
O Brasil é o único produtor mundial da variedade carioca, que atende cerca de 65% do consumo interno. O restante é suprido com as variedades rajado, branco, vermelho e caupi. “Isso é ruim, pois, em caso de desabastecimento, não temos como importar e, em caso de excesso de produção, não temos para quem vender”, diz.
REUNIÃO ANUAL
O Plano Nacional para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Feijão e Pulses, vai preparar o caminho a reunião anual do Global Pulse Confederation (GPC), evento internacional itinerante que em 2019 será realizado no Rio de Janeiro e reunirá no Brasil cerca de 1.000 delegados representantes de empresas de 50 países.
Equipe SNA/SP