Por Cleiton Evandro dos Santos – AgroDados
A saca de 50 quilos de arroz em casca (58 x 10) ultrapassou nesta terça-feira (26/6) a barreira dos R$ 40,00 no Rio Grande do Sul, acumulandoalta de 7% no mês de junho e permitindo projetar médias mais elevadas para os próximos meses.
O indicador de preços Esalq-Senar/RS, alcançou R$ 40,19. Em dólar, os preços não mudaram muito e bateram na casa dos US$ 10,59. A partir de US$ 11,00 o Brasil já se torna mais atrativo ao Mercosul. Já na quarta-feira as cotações mostraram ligeira queda, para R$ 40,16 e US$ 10,43 dólares, acompanhando a variação cambial.
De maneira geral, esta era a expectativa do mercado desde a safra, levando em conta uma redução de 5% na produção nacional, um quadro de oferta e demanda mais ajustado e o baixo estoque de passagem. A tendência é de que as cotações mantenham esta trajetória de alta. Em 2017, a média de preços do indicador Esalq-Senar/RS foi de R$ 40,55.
Se mantiver a média de valorização (7% ao mês) em julho, os preços poderão superar o custo médio de produção do Rio Grande do Sul de R$ 45,00 na safra 2017/18 – estimado pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) na primeira quinzena de agosto. Note-se, porém, que a escalada dos preços vem acelerando mês a mês, e que este limite pode ser alcançado antes.
Mesmo com um cenário de firmeza para o segundo semestre, as cotações podem oscilar eventualmente. Isso porque, apesar do dólar e da demanda da Venezuela e América Central por arroz em casca manter o mercado interno aquecido e servir de válvula de escape, a elevação dos preços internos tende a tornar o Brasil muito mais atrativo para o arroz do Mercosul.
A desvalorização do real em ano eleitoral, com alguns candidatos já projetando a moeda americana cotada perto de R$ 5,00 ao final do ano, é fator que pode evitar maior volume de exportações. Mas, com uma demanda maior do que a colheita deste ano e exportações firmes, aliadas a um estoque relativamente baixo, tendem a forçar o País a importar mais no segundo semestre.
Ainda que os vizinhos países do Acordo de Livre Comércio se mantenham ativos em busca de terceiros mercados, no momento em que o Brasil se tornar um bom remunerador, abrirá as portas para o ingresso de volumes massivos de arroz, em especial o beneficiado. E isso poderá conter, mesmo que parcialmente, a elevação de preços.
O mês de junho foi marcado pela alta do frete para o porto de Rio Grande, em até 50% para o arroz e, também, pelas dificuldades em carregar os navios programados. Há mais cinco navios, totalizando perto de 140.000 toneladas, programados até agosto no Rio Grande do Sul e um em Santa Catarina para grão em casca. Mas o custo do transporte tem sido um problema que afeta as margens das negociações.
Estima-se que cerca de um terço da produção gaúcha ainda esteja na mão dos produtores, o que ficaria em torno de 2.8 milhões de toneladas. Estes seriam aqueles arrozeiros que cultivam soja e negociam a oleaginosa no primeiro semestre, têm crédito oficial e estão em posição intermediária ou capitalizados. Por esta estimativa, dois terços dos agricultores, pelo menos, já venderam o arroz colhido nesta safra ou entregaram para quitar CPRs e outros modelos de financiamento direto.
Os analistas gaúchos estão divididos quanto à tendência de área para a próxima safra. Alguns apostam numa pequena redução de área para o ciclo 2018/19, enquanto outros apontam a repactuação das dívidas com dois anos de carência e preços mais fortalecidos no segundo semestre como fatores de ampliação da superfície semeada.
O clima, a se definir ainda, poderá ser o fator determinante à consolidação da semeadura. O Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) tradicionalmente realiza em julho/agosto uma pesquisa de intenção do plantio, a ser divulgada na Expointer.
Mercado
A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica preços médios de R$ 40,00 para a saca de arroz no Rio Grande do Sul (50 kg/58 x 10), à vista, e R$ 79,00 para a saca de 60 quilos de arroz branco, Tipo 1, sem ICMS/FOB – RS. Também registra valorização do farelo de arroz, para R$ 470,00 por tonelada, FOB – RS, e a manutenção dos quebrados com R$ 53,50 para o canjicão e R$ 43,00 para a quirera, ambos em sacas de 60 quilos, FOB.
Fonte: Planeta Arroz