Paralisação de caminhoneiros no Brasil deve reduzir PIB em 0,20% ao ano, diz Financial Times

O site do jornal britânico Financial Times publicou há pouco uma reportagem sobre os reflexos da paralisação dos motoristas de caminhão no País no mês passado e calculou que os custos para a “debilitada economia do Brasil” sejam de mais de R$ 15.9 bilhões, o que significaria redução de 0,20% do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano.

“As multinacionais que operam no Brasil estão contabilizando o custo de suas receitas após uma greve nacional de caminhoneiros que paralisou o País, interrompendo a oferta e atingindo a maior economia da América Latina”, informou a versão online do veículo inglês.

O texto menciona que a Unilever, fabricante do sabonete Dove e do sorvete Magnum, foi a primeira a quantificar o estrago, quando avisou que as receitas no segundo trimestre, encerrando em 30 de junho, seriam reduzidas em € 150 milhões. O Brasil responde por 6% das vendas do grupo anglo-holandês. Outros devem seguir na mesma linha, segundo o FT.

“Os desafios que a Unilever enfrentou no Brasil não são totalmente específicos da empresa. Acreditamos que um obstáculo similar a outras empresas de produtos básicos de consumo (europeu), com exposição significativa ao Brasil, provavelmente incluirá a AB InBev, a Ontex. Heineken e Danone”, citaram analistas do Goldman Sachs.

A cervejaria Budweiser AB InBev, que conta com 16% de suas vendas no Brasil, não quis comentar o episódio. Na sexta-feira, a rival Heineken disse que, embora a greve tenha causado “grandes interrupções” nas cadeias de suprimento, o processo foi amortecido com o estoque para algumas semanas. As provisões se esgotaram em alguns lugares, mas “também vimos os volumes aumentando depois que a greve terminou”, disse a Heineken.

A Coca-Cola, de acordo com o site, informou apenas que a greve, que durou dez dias, entre o final de maio e o início de junho, teve “impacto” em suas operações brasileiras. A Bernstein Research previu que, entre as empresas norte-americanas que operam no Brasil, os grupos de cosméticos Avon, Colgate-Palmolive, Kimberly-Clark, Procter & Gamble e PepsiCo, entre outros, serão os mais atingidos.

Embora o cenário tenha voltado ao normal, a Viva Lácteos, associação de produtores brasileiros de lácteos, que representa empresas locais e globais, incluindo Mondelez, Danone e Nestlé, estima que o setor tenha perdido cerca de R$ 1.3 bilhão com o descarte de 360 milhões de litros de leite.

João Carlos Basílio, presidente executivo da ABIHPEC, entidade que reúne os fabricantes de produtos de higiene pessoal no Brasil, incluindo Unilever, Colgate-Palmolive, Avon e Procter & Gamble, explicou que antes da greve a previsão era de que a indústria tivesse vendas de mais de R$ 118 bilhões em 2018. “Agora, é provável que não tenhamos um crescimento real”, disse, conforme relatou o FT.

A greve também deve ter atingido o frigorífico JBS e sua parceira BRF, a maior exportadora de aves do mundo, de acordo com a publicação. A associação brasileira de proteína animal, ABPA, disse que o setor perdeu R$ 3.15 bilhões, depois que 167 abatedouros de frango e suínos interromperam as operações, enquanto caminhoneiros bloquearam estradas e rodovias.

“A boa notícia é que as greves parecem ter diminuído e as coisas estão voltando ao normal, de modo que a Unilever e a Coca-Cola reiteraram suas metas de crescimento de linhas orgânicas para o ano (…) até o próximo vento contrário”, disseram analistas da Bernstein Research.

 

Fonte: Agência Estado

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