Contratar mão de obra no campo não é uma tarefa fácil. Muitos trabalhadores já abandonaram o campo em busca de uma oportunidade nas grandes cidades. Dados do governo estadual de São Paulo mostram que, enquanto no Brasil o número de vagas na agricultura diminui, cada vez mais, aumenta o número de profissionais que está voltando para a zona rural.
O produtor de flores Eduardo Yamaguchi produz em Campinas, interior de São Paulo, variedades que são destruídas no Brasil e no mundo. Com tanta procura, o proprietário construiu uma estufa de oito hectares. Ao todo, 46 funcionários cuidam de toda a produção. Ele conta que o problema é a rotatividade. Segundo Yamaguchi, pelo menos 25% dos trabalhadores não permanecem por mais de um ano no local. Muitos acabam indo para a indústria.
– É muito complicado. A gente trabalha com quadro exato de pessoas. Então, a rotatividade custa muito caro, porque são pessoas que precisam ser treinadas. Para liderança é complicado porque o rendimento das pessoas no início é devagar. O fato da pessoa se adaptar e aceitar que está na agricultura, a empresa sente bastante – diz ele.
Para tentar segurar funcionários por mais tempo, o produtor investiu em infraestrutura e qualidade para os trabalhadores. Foram construídas casas dentro da propriedade, assim, os empregados, além, de morar no local, não precisam pagar água ou luz. O funcionário Cícero da Silva Messias, que está na propriedade há 28 anos, não pensa em sair.
– Não troco pela cidade porque aqui tem muitas vantagens. Primeiro, o transporte. O trabalho é dentro da minha casa. Se morar na cidade, eu precisaria pegar ônibus, teria que acordar às quatro da manhã para conseguir chegar as sete no trabalho. Aqui, eu levanto meia hora antes do meu horário. Isso motiva muito – diz Messias.
A propriedade do administrador Aldo César Morais, em Holambra, enfrenta problema parecido. A empresa dele trabalha com suínos. Ele conta que para mexer com esses animais é preciso mão de obra qualificada, que ele não encontra. São 45 funcionários e a maioria vêm de outros Estados, como Minas Gerais e Alagoas. Para tentar dar conta da falta de profissionais, a empresa teve que investir em tecnologia, mas mesmo assim não consegue suprir a necessidade.
– Hoje nós temos uma defasagem de 15% a 20% no nosso quadro de funcionários. Estamos tentando substituir com automação e com mecanização. O ser humano é insubstituível. Para investir em automação e mecanização é preciso de gente qualificada. Hoje, a gente busca o profissional qualificado, só que não encontramos. Contratamos por quem indica, ou seja, um funcionário da empresa indicando outro – diz Morais.;
Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), de janeiro a julho deste ano, foram preenchidas mais de 139 mil vagas na agricultura em todo o Brasil. No mesmo período do ano passado, esse número passou de 165 mil. Em São Paulo, a situação é oposta, entre janeiro e julho deste ano foram criadas 1924 vagas, aumento de 70,84% na comparação com 2012.
CANAL RURAL
Fonte: Rural BR Agricultura