O dólar comercial fechou em baixa de 0,52%, cotado a R$ 3,7069 para compra e a R$ 3,7075 para venda, com máxima a R$ 3,7279 e mínima a R$ 3,6680, com mais duas atuações surpresas do Banco Central e com o mercado bastante atento a reunião do Federal Reserve de amanhã.
“No geral, esses números estão alinhados com as expectativas e, como tal, não devem movimentar muito os mercados hoje ou mudar o debate para os formuladores de políticas antes da reunião do Fed amanhã”, disse o analista da gestora CIBC Andrew Grantham.
Ele se referia ao índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos de maio divulgado nesta manhã, com alta de 0,2%, dentro do esperado.
O Fed acompanha uma medida de inflação diferente, que está um pouco abaixo da meta de 2%. A autoridade deverá aumentar a taxa de juros pela segunda vez este ano na quarta-feira.
Os economistas estavam divididos sobre se sinalizará mais um ou dois aumentos dos juros em seu comunicado. Taxas elevadas têm potencial de atrair aos Estados Unidos recursos aplicados em outras praças financeiras, como a brasileira.
No mercado internacional, por volta das 17h40 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em alta de 0,28%, cotado aos 93,82 pontos, enquanto o euro estava em baixa de 0,33%, cotado a US$ 1,1745.
“O mercado ainda está cauteloso em função da reunião do Fed e questões internas, mas ele se mantém amortecido com o BC agindo”, disse o operador de câmbio da corretora Spinelli José Carlos Amado.
Na semana passada, o BC prometeu injetar US$ 20 bilhões de dólares através de novos contratos de swap cambial até a próxima sexta-feira para dar liquidez ao mercado e ajudar a conter a volatilidade.
Pela manhã, o BC fez outro leilão de 30.000 contratos de swap, também vendido integralmente, colocando neste mês, até o momento, US$ 16.116 bilhões em novos swaps.
Também vendeu a oferta integral de 8.800 contratos de swap cambial tradicional para rolagem do lote de US$ 8.762 bilhões que vence em julho. Com a venda de hoje, o BC já rolou US$ 3.520 bilhões. Se mantiver esse volume até o final do mês, fará rolagem integral.
Postura defensiva volta a pesar sobre juros futuros de médio prazo
A sessão desta terça-feira (12/6) voltou a ser marcada pela postura mais defensiva do mercado, que têm evitado assumir riscos no mercado de juros. Operadores comentam que, sim, os níveis das taxas ainda estão bastante elevados. No entanto, há uma série de motivos, seja pela incerteza eleitoral ou aperto monetário no exterior, que inibe a consolidação de uma calmaria.
As dúvidas no mercado, hoje, giram em torno de manter a posição e esperar o melhor ponto de saída ou zerar a posição o mais rápido possível, de acordo com relatos no mercado.
“De maneira geral, não vemos nenhum apetite para o aumento de exposição, pelo menos sem uma mudança radical de cenário local e externo”, aponta a Icatu Vanguarda, em nota.
O momento é mais delicado para a formulação de estimativas para Selic, segundo especialistas. Em termos de fundamentos, a atividade econômica vai dando sinais de fraqueza, mas uma alta do dólar pode colocar em risco as expectativas de inflação.
O estrategista-chefe da Coinvalores, Paulo Nepomuceno, se concentra no risco futuro para a inflação e alerta para a situação fiscal que não foi resolvida. A projeção do especialista é de que a meta Selic terá três altas, de 0,50% cada, a partir de agosto. “A inflação pode ser levemente contaminada, mesmo com a economia crescendo pouco”, diz. “O prêmio de risco não vai desaparecer do nada, vai persistir”, disse o estrategista.
Para o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, as taxas de médio e longo prazo não devem ter um alívio tão cedo.
“O cenário eleitoral continua bastante incerto e vai depender se o próximo presidente vai atacar o problema fiscal. Ainda não sabemos quem será o presidente e quais as propostas de reforma. Com isso, os juros intermediários e longos continuam em alta.”
E se não bastassem as dificuldades locais, ainda há pela frente o aperto monetário das economias desenvolvidas. Nesta quarta-feira (13/6), é a vez de o Federal Reserve elevar, mais uma vez, suas taxas de juros, pelas expectativas do mercado.
Diante dessa instabilidade, o Tesouro Nacional realizou, hoje, mais uma intervenção na renda fixa, com leilão de compra e venda de títulos públicos com rendimento prefixado (NTN-F). Já são 11 sessões consecutivas de operações extraordinárias, tendo sido iniciadas em 28 de maio com leilões de recompra dos títulos. Segundo a equipe econômica, a atuação deve continuar, pelo menos, até o fim do mês, mas as operações serão calibradas a partir desta sexta-feira (15/6).
Vale ressaltar que a atuação é ainda mais longa que a de setembro de 2015, quando o Brasil perdeu o grau de investimento. Na época, o Tesouro atuou em recompra e venda simultânea durante nove dias com NTN-F e NTN-B.
Desde então, houve, ainda, intervenção em novembro de 2016 após a eleição do presidente americano, Donald Trump, com três leilões de recompra de NTN-F. Em maio do ano passado, quando estourou a crise da JBS, foram feitos três leilões de recompra e venda simultânea de LTN, NTN-F e NTN-B.
Para o executivo de uma gestora bastante ativa, o Tesouro tem feito o que se mostrou disposto, em um contexto de mercado de títulos com pouca liquidez. Até por isso, ele enxerga algum espaço para que o Tesouro volte a fazer os leilões tradicionais de vendas de títulos públicos, mas num volume menor daqui para frente. O executivo lembra que vender títulos é adicionar risco no mercado e, se o Tesouro reduz esse volume, já é um sinal de que quer menos risco.
Em nota, o BNP Paribas indicou, entretanto, que o nível das taxas pode estar exagerado na ponta curta e no meio da curva de juros. Até por isso, a instituição voltou a entrar no mercado depois que o mercado de DI começou a negociar de uma maneira “disfuncional”. “Embora o aumento da incerteza deva levar a um ajuste no prêmio de risco ao longo da curva, os níveis de entrada estão muito acima do nosso pior cenário para a ponta curta e a ‘barriga’ da curva”, menciona a instituição em nota assinada por Gabriel Gersztein, Samuel Castro e Luca Maia.
O risco de um choque de juros ou um aperto monetário já em junho tem sido aliviado pelo movimento do câmbio, que se afasta dos R$ 4,00. Isso explica, inclusive, a queda dos juros mais curtos. O ajuste acontece também por causa das reafirmações do Banco Central de que não irá mexer na taxa por causa do câmbio.
Por volta das 16h03, no fim da sessão regular, DI janeiro/2019 caía para 7,135% (7,190% no ajuste anterior); DI janeiro/2020 operava a 8,660% (8,650% no ajuste anterior); DI janeiro/2021 avançava para 9,730% (9,660% no ajuste anterior); DI janeiro/2023 subia para 11,160% (11,140% no ajuste anterior); DI janeiro/2025 estava cotado a 11,790% (11,780% no ajuste anterior); DI janeiro/2027 caía para 12,140% (12,160% no ajuste anterior).