Brasil projeta ampliação no consumo de pescado

Biólogo Jorge Meneses (à esquerda) diz que trabalhar com piscicultura tem sido um bom negócio no Brasil

 

Com campanhas como a Semana do Peixe, que terminou na terça-feira, 17, em todo o país, o Ministério da Pesca e Aquicultura (MAP) pretende estimular o comércio de produtos provenientes da pesca e da aquicultura, a fim de ampliar a consumo per capita desses alimentos, de 9 kg/ano para 12 kg/ano, média recomendada pela Organização Mundial de Saúde. Segundo o órgão, o Brasil deve atingir essa marca até o final de 2015.

No ano passado, de acordo com levantamento do MAP, a iniciativa aumentou o consumo nacional de peixe em 20% e conseguiu reduzir os preços em 24%.  A atual campanha contou com a adesão de 93 restaurantes populares e 136 cozinhas comunitárias, que divulgaram cartazes e cartilhas e ofereceram pratos à base de pescado.

Além desse tipo de ação voltada à difusão da atividade aquícola em território nacional, estão sendo estabelecidas novas parcerias para o melhoramentos genéticos das espécies, desenvolvimento de técnicas para assegurar a sanidade animal e liberação de linhas de financiamento para o setor, além da avaliação dos aspectos culturais relacionados ao consumo do alimento.

O Plano Safra da Pesca e Aquicultura pretende disponibilizar, até o fim de 2014, mais de R$ 4 bilhões em créditos para a cadeia produtiva. O objetivo é contribuir para que o Brasil se torne um dos grandes players mundiais do mercado de pescado, ampliando sua produção de cerca 1,3 milhão de toneladas por ano para 2 milhões até o final neste período.

Em virtude da estagnação da atividade pesqueira, a maior aposta do governo é na produção em cativeiro. Atualmente, estão sendo analisados projetos que devem expandir a aquicultura nos mais de 200 reservatórios das hidrelétricas nacionais. “O Brasil está desenvolvendo estratégias para ampliar sua participação no mercado de pescado, assim como fez com a carne bovina, a suína e o frango”, comentou a assessoria de imprensa do MAP.

Segundo o biólogo Jorge Meneses, consultor em piscicultura, o país detém um potencial pouco explorado para a atividade. “O Brasil possui 12% da água doce do planeta em reservatórios naturais e artificiais, rios, lagos, açudes e nascentes. Nossa costa litorânea tem 8,5 mil quilômetros de extensão e também já existem projetos de cultivo de peixes marinhos”, destaca. Desburocratizar o licenciamento ambiental, facilitar o acesso ao crédito e aumentar a assistência técnica são, de acordo com o biólogo, fundamentais para que as chances de crescimento sejam aproveitadas.

A remuneração é um atrativo para quem atua na criação de pescado, ainda que o mercado consumidor interno seja considerado restrito se comparado ao de outros países. “(Trabalhar com piscicultura) tem sido um bom negócio, pois, ao contrário das produções de outros animais, as margens de lucro ainda estão altas”, pontua Meneses.

Para se ter sucesso em um empreendimento no segmento, no entanto, não basta investir recursos em infraestrutura. “Para ganhar dinheiro e diminuir os riscos do negócio, é importante que o interessado contrate uma assessoria para orientá-lo quanto ao mais indicado dos nove sistemas de cultivo existentes, o que é definido após uma avaliação na propriedade. O consultor também ajudará a escolher a espécie mais indicada para a região e elaborará um projeto técnico e econômico, indicando possibilidades de financiamento a juros baixos”, ressalta o especialista.

Cenário

O Brasil é o 17º produtor mundial de pescado de cativeiro, com cerca de 420 mil toneladas por ano. A China, que ocupa o topo do ranking, chega a produzir 45 milhões de toneladas. A atividade no
país cresce a uma média de 10% ao ano. A região amazônica é onde mais se consome peixe em território nacional. A média per capita ultrapassa os 200 quilos por ano. Na outra ponta, estão os estados de Minas Gerais, Piauí e Tocantins, onde cada habitante se alimenta de apenas 5 quilos durante o ano.

Por suas características climáticas, o Brasil sai na frente na criação de espécies de águas quentes, como o tambaqui, o pintado, o pirarucu e o pacu. Espécies tradicionais, como o salmão e o bacalhau, difundidas no Chile e na Europa, não se adaptam bem ao clima brasileiro. Diante disso, a nação importou US$ 1,3 bilhão de pescado só em 2012. Em outras palavras, apesar de comer pouco peixe, o brasileiro recorre intensamente ao produto importado.

Os arranjos produtivos da aquicultura brasileira ocorrem tanto na esfera federal, quanto em níveis estadual e municipal. Estima-se que 27% das cidades brasileiras tenham leis de incentivo à aquicultura familiar. Em sua grande maioria, os projetos locais destinam recursos para a escavação e manutenção de viveiros nas propriedades rurais.

Por Equipe SNA/RJ

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