A Lavoura nº 703 orienta: ‘É hora de abrir o silo’

Certas precauções em relação à silagem, que serve de alimento para o rebanho, são indispensáveis. Do contrário, todo o trabalho executado anteriormente, pelo pecuarista, estará comprometido. Foto: Divulgação A Lavoura nº 703

O preço da arroba continua em alta e a perspectiva de aumento permanece com a chegada da nova estação. Se em 2018 houver um inverno seco e frio, com carência de pasto, assim como ocorreu há quatro anos, os preços da carne podem subir ainda mais.

Esse cenário, no entanto, deve apresentar bons indicadores para o pecuarista que investiu na silagem como estratégia alimentar que, quando é bem realizada, tem valor nutritivo próximo ao da forragem verde. Mas o processo não melhora a qualidade, apenas mantém a original.

É o que publicou a Revista A Lavoura, na edição nº 703 (páginas 16 e 17). Embora essa reportagem tenha sido veiculada em 2014, as orientações abaixo continuam valendo para 2018, considerando, especialmente, a proximidade do inverno e a previsão de um cenário climático bem parecido.

A SILAGEM

A silagem é o resultado da fermentação anaeróbica dos açúcares solúveis em água e sua conversão em ácido lático. É um alimento dinâmico, nunca estático, que piora, consideravelmente, em determinadas circunstâncias e quem optou pela silagem como tática para a produção de leite, carne ou suplemento no período da seca já começou a abrir os silos e utilizar o volumoso para os bovinos.

Nessa etapa, algumas precauções são indispensáveis. Do contrário, todo o trabalho executado anteriormente está comprometido.

“É muito comum o produtor se preocupar somente no momento de encher o silo. Ele fez a silagem e está tudo certo, mas não. A silagem é um material frágil. O momento em que é o silo é aberto até servi-la, pode haver deterioração”, alerta Haroldo Pires de Queiroz, zootecnista da Unidade Gado de Corte (MT) da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Conforme o especialista, “é preciso haver certos cuidados para servir um alimento de qualidade, que não seja rejeitado pelos animais e que não tenha perdido o valor nutritivo”.

HORA DE TIRAR A LONA

Ele elenca os procedimentos a serem observados pelos produtores e seus colaboradores, na hora de tirar a lona:

• Abrir o silo somente 30 dias após o fechamento:

A silagem está pronta depois de completar o processo de fermentação, que leva em torno de três semanas e, por segurança, abre-se em um mês. Antes disso, ela apodrece. Ao se utilizar aditivo para acelerar, segue-se o tempo indicado no rótulo pelo fabricante. Um silo pode permanecer vedado por vários anos, desde que a fermentação esteja completa.

• Retirar a silagem somente na hora de servir:

Ao abrir o silo e expô-lo ao ar, há uma explosão de microrganismos, ocorre uma refermentação da massa ensilada, que faz perder o valor energético. O volumoso aquecido perde açúcar e também proteína e o material fica indigestível.

• A fatia deve ser retirada diariamente, ter no mínimo 15 centímetros e corresponder a toda a face do silo, de um lado a outro:

O silo tem de ser projetado para facilitar a operação e considerar o número de animais a serem alimentados no dia.

• Retirar a silagem de cima para baixo para evitar desmoronamento:

Muitas vezes, o alimento é retirado de baixo para cima e o volume, além dos 15 centímetros que sair da proteção da massa ensilada, se não for consumido, está descartado pela excessiva exposição.

• Proteger a abertura do sol e da chuva:

O sol acelera o processo de respiração das bactérias e desidrata o volumoso, perdendo a palatabilidade. A chuva lava os nutrientes solúveis, deixando somente a fibra. A proteção não deve abafar, reverter o processo aeróbico. O correto é cobrir, não lacrar.

• Monitorar a matéria seca (MS) semanalmente:

O investimento em silagem é alto e espera-se uma garantia no desempenho dos animais, seja em litros de leite produzidos ou ganhos de peso por dia. A matéria seca determina a quantidade de massa que o animal pode consumir.

Semanalmente, amostrar de oito a dez pontos da superfície do silo, homogeneizá-los somando 500 gramas e, em subamostras de 100 gramas, secar para se obter a porcentagem de MS, que pode variar entre 25% e 35%. A ingestão do animal é por quilo de matéria seca, de 1,5 a 3% do peso vivo, misturando silagem e ração.

• A cada 20 dias é realizado o monitoramento da proteína:

O nível de proteína define o desempenho tanto para lactação quanto para produção de carne. A silagem flutua até 5% de proteína e é necessário esse acompanhamento.

• Descartar material fora do padrão:

Massa com cor alterada, escura ou esbranquiçada, mofada, encharcada e com odor adverso é dispensada para consumo.

SEM PERDA DO VALOR NUTRITIVO

Zootecnista da Embrapa Gado de Corte, Haroldo Pires de Queiroz ressalta, por fim, que “o produtor deve retirar do silo só o que for servir, na hora”.

“É normal retirar um volume de material e servi-lo no outro dia, próximo ao cocho. A silagem tem de ser retirada e consumida no dia. São itens comuns e, às vezes, esquecidos”, frisa.

“O agropecuarista não deve esperar o período seco e só, então, tomar providências. É aconselhável pensar nessas estratégias de nutrição, planejar a propriedade como uma empresa rural”, reforça o pesquisador da Embrapa José Alexandre Agiova da Costa.

Também especialista em Zootecnia, Alexandre Agiova lembra que o produtor tem à mão um conjunto crescente de medidas: descarte de animais, vedação de pastagens, vedação com adubação, feno-em-pé com suplementos variados.

Isso visa ao ganho de peso e terminação dos animais, fenação e silagem e “não precisa aplicar tudo para encarar o inverno, mas necessita de uma estratégia nutricional que propicie atravessar com relativa facilidade a estação”. “Ele não pode é cruzar os braços e esperar”, diz Agiova.

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Fonte: A Lavoura – Edição nº 703/2014

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