Com os portos cheios, novos negócios da soja no Brasil só para setembro

A semana começou com o mercado futuro da soja sentindo o peso das novas tensões comerciais entre China e Estados Unidos. Na Bolsa de Chicago, por volta das 12h15, os principais vencimentos registravam quedas de mais de 10 centavos, com o julho/18 cotado a US$ 10,06 o bushel.

“Depois de uma trégua, negociada há duas semanas, as tensões voltaram a dominar o cenário, com a determinação norte-americana de taxar produtos importados de diversos países, sobretudo da China. Com a trégua, algumas negociações com soja voltaram a acontecer; porém, novas operações voltaram a ficar ameaçadas”, disse o economista e analista da Granoeste Corretora de Cereais, Camilo Motter.

No Brasil, diferentemente do que aconteceu na primeira vez em que as notícias da disputa comercial entre chineses e americanos fez com que os prêmios explodissem no mercado interno, a movimentação dos indicativos inicia a semana com moderação. Tanto os prêmios, quanto as cotações para a soja nos portos se mostram mais retraídas, segundo o consultor Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting.

Com poucos negócios sendo registrados no curto prazo, uma vez que os portos estão completamente comprometidos para este mês e o próximo e as indústrias nacionais estando bem abastecidas, as cotações são válidas para negócios em setembro a partir de agora.

Assim, o indicativo de interesse de compra da saca estava em R$ 89,50 e o prêmio, em Paranaguá, cerca de US$ 0,90 acima de Chicago. Na última sexta-feira (1/6), de acordo com Brandalizze, esse prêmio era de US$ 0,50 acima do valor de hoje.

“Essa semana começa com pouco movimento e deve ser assim nos próximos dias. O vendedor quer entrega e pagamento curto, mas o comprador não faz negócios para agora, só para meados de agosto e setembro”, disse o consultor. “Devemos embarcar um volume recorde de soja em junho e parte do total desse mês deve ser embarcado em julho. Os portos estão lotados”.

Assim, a pressão que a falta de acordo entre China e Estados Unidos exerce sobre as cotações em Chicago é compensada de forma bastante limitada pelos prêmios nos portos brasileiros neste momento. E, para Brandalizze, poucas novidades deverão ser vistas nos próximos dias, justamente em função desse menor volume de novos negócios.

Neste domingo, segundo noticiou a Reuters, os chineses alertaram os norte-americanos sobre uma possibilidade de riscos de benefícios comerciais, caso os EUA imponham novas tarifas. Ainda assim, porém, as duas nações seguem afirmando que têm evoluído bem nas discussões, embora novos acordos ainda não tenham sido anunciados.

“Para implementar o consenso alcançado em Washington, os dois lados se comunicaram bem em várias áreas, como agricultura e energia, e fizeram progressos positivos e concretos”, disse a agência de notícias estatal da China, Xinhua, acrescentando que os detalhes estão sujeitos à “confirmação final por ambas as partes”. “Reforma, abertura e expansão da demanda doméstica são estratégias nacionais da China. Nosso ritmo estabelecido não vai mudar”.

Além disso, há ainda os reflexos dos 11 dias da paralisação dos caminhoneiros ainda sendo sentidos, com alguns atrasos de cargas, que acabam por também pressionar os prêmios nos portos brasileiros.

A movimentação do câmbio também influencia. Depois de uma alta de quase 1% na última sexta-feira e o dólar se aproximando dos R$ 3,77 nesta segunda-feira, a divisa volta a recuar e, por volta das 12h15, estava em baixa de 0,56%, cotada a R$ 3,7453 para venda.

 

Fonte: Notícias Agrícolas

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