CNA reduz PIB da agropecuária de 0,7% para 0,5% em 2018, apesar do primeiro trimestre surpreender

O coordenador do Núcleo Econômico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Renato Conchon, afirmou há pouco, ao Broadcast Agro, que a alta de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária no primeiro trimestre de 2018 em relação ao trimestre anterior foi uma “grata surpresa”, já que a entidade estimava um aumento entre 1,1% e 1,2% no indicador setorial.

Segundo Conchon, o clima foi “extremamente favorável” ao desenvolvimento das lavouras no período, mas um cenário inverso ocorre no segundo trimestre. Com isso, a CNA reduziu a estimativa de aumento do PIB agropecuário de 0,7% para 0,5% em 2018.

“Os efeitos adversos devem vir no segundo trimestre e apenas postergamos o crescimento menor previsto para o primeiro trimestre. Além dos problemas climáticos, o segundo trimestre vai refletir essa semana de paralisação dos caminhoneiros e a dificuldade de retomada de produtos aos mercados”, disse Conchon.

A CNA reduziu também a estimativa de crescimento do PIB brasileiro de 2,8% para 2,4% em 2018, por causa da “economia frustrada” do país.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o PIB da agropecuária cresceu 1,4% no primeiro trimestre de 2018 em relação ao trimestre anterior, com ajuste sazonal, e recuou 2,6% sobre igual trimestre de 2017. No acumulado de quatro trimestres, o indicador do setor tem alta de 6,1%, a maior entre os setores os avaliados, tanto no desempenho trimestral quanto no acumulado.

Conchon afirmou que o crescimento maior do PIB agropecuário do que o do consumo das famílias (0,5%) e o da indústria (0,1%) no primeiro trimestre fez com que o excedente produzido no campo fosse exportado. As exportações de bens e serviços avançaram 1,3% nos períodos comparados, de acordo com o IBGE.

Fator que prejudica o consumo interno e que deve frear o PIB da agropecuária até o fim do ano, é o descompasso entre a redução na Selic para 6,5% ao ano, e os juros bancários para atender a demanda e o financiamento da produção agropecuária. “O consumo das famílias segue baixo, porque o spread bancário não caiu. A taxa de juros cobrada dos produtores não baixou e deve ficar acima da Selic também para a próxima safra, a partir de julho”, disse o coordenador da CNA.

 

Fonte: O Estado de São Paulo

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