Indicação Geográfica Doces de ‘Pelotas: Para provar o que é bom’

Os 15 doces finos e de confeitaria certificados pela IP seguem o “saber fazer” local, uma tradição de 200 anos. Foto: Divulgação A Lavoura nº 706

Sinônimo de doceria tradicional portuguesa, os doces de Pelotas obtiveram a Indicação de Procedência em 2011, mas, na prática, já eram reconhecidos desta forma em todo o Brasil. Os 15 doces finos e de confeitaria certificados pela IP seguem o “saber fazer” local, uma tradição de 200 anos.

É o que publicou a Revista A Lavoura, veiculada desde 1897 pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), na edição nº 706/2015.

Esses conhecidos doces portugueses são elaborados à base de ovos e açúcar, como papo de anjo, pastel de Santa Clara, quindim, ninhos de ovos, etc. Já os doces de frutas, como os de pêssegos e figos em calda seguem a tradição alemã, trazida por imigrantes que se fixaram no meio rural.

LEGADO

A Associação Doce Pelotas é fruto do trabalho de um grupo de empresários do setor, formalizada em abril de 2008 com apoio do Projeto Podo de Doces de Pelotas, conduzido pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/RS), desde 2006.

A certificação é uma vitória da Associação no sentido de diferenciar os produtos originais, proteger o legado das receitas tradicionais, estimular a inovação e o desenvolvimento das empresas do setor e, ainda, garantir a exclusividade no mercado.

Os doces tradicionais da região de Pelotas seguem um regulamento técnico de produção e possuem um selo de autenticidade.

RECEITAS ORIGINAIS

Presidente da Associação dos Produtores de Doces de Pelotas, Maria Helena Jeske explica que, no início, eram dez associados. Algumas empresas utilizavam receitas próprias, diferentes das originais. Ela mesma se encaixava nesse caso.

Segundo ela, quando foi iniciado o processo de certificação, o grupo cresceu para 16, mas, desse total, apenas cinco empresas investiram na conquista do selo e foram certificadas. Com o objetivo de resgatar a tradição, uma das exigências da certificação é o uso apenas de receitas tradicionais.

De acordo com a presidente da Associação, outras doceiras da região também estão começando com o processo de certificação.

As empresas cadastradas até o final de 2012 eram: Imperatriz Doces Finos, Anette Ruas Doces Tradicionais, Delícias Portuguesas, Pastel Santa Clara e V&N Doces Artesanais.

Desde então, elas podiam comercializar 15 tipos de doces. Todos recebem um selo e um número que identifica a empresa produtora, o dia da produção e a validade do doce, além dos ingredientes da receita. O selo garante a qualidade na produção e credibilidade para os produtores.

PROCEDÊNCIA 

Registro IG nº 200901 – INPI Indicação de Procedência/2011

Municípios: Arroio do Padre, Capão do Leão, Morro Redondo, Pelotas, São Lourenço do Sul, Turuçu-Região Sul do Rio Grande do Sul

Altitude: sete a 430 metros

HERANÇA EUROPEIA

Com clima subtropical úmido e temperado, Pelotas é, também, o maior produtor de pêssegos para a indústria do país. Destaca-se ainda pelo cultivo de aspargos, pepino, figo e morango, além de ser grande produtor de arroz, de leite e de carne bovina.

Aliás, a história do município está ligada à produção de charque, favorecida pelo clima e iniciada em fins de 1.700 por imigrantes portugueses. A herança da cultura europeia pode ser vista na arquitetura e casarios de Pelotas.

DELÍCIAS PORTUGUESAS

Maria Alzira Rosa Carreira conta que seus pais e os cinco filhos vieram de Portugal para o Brasil, em 1963, convidados para produzir os tradicionais doces portugueses em uma padaria. Ao longo do tempo, seu pai adquiriu o negócio, depois vendido.

Os doces passaram a ser produzidos pela mãe na residência da família, para atender encomendas de casamento (os bem-casados sempre foram o carro-chefe), lojas de doces e de outras doceiras com especialidades diferentes.

Na década de 1980, a família recebeu o convite para participar da Feira Nacional do Doce-Fenadoce, evento realizado anualmente, desde 1986, em Pelotas.

Foi quando, para aumentar a variedade de produtos, começaram a buscar, entre os parentes, outras receitas de doces portugueses tradicionais, as mesmas daqueles que, há 200 anos, eram servidos nos banquetes oferecidos pelos “barões do charque”.

Atualmente, a empresa – batizada de Delícias Portuguesas – possui receitas de sete diferentes regiões e, há dois anos, a título de homenagem, lançou um doce típico da Ilha dos Açores.

O “Véu de Noiva”, por exemplo (até a divulgação desta reportagem por A Lavoura, em 2015), tem massa feita com ovos, coco e nozes e recheio de ovos moles.

DOCES CERTIFICADOS

Na Indicação de Procedência de Pelotas é autorizada a produção dos seguintes doces: bem-casado, quindim, ninho, camafeu, olho de sogra, pastel de Santa Clara, papo de anjo, fatia de Braga, trouxas de amêndoas, queijadinha, broinha de coco, beijinho de coco, amanteigado, panelinha de coco e os doces cristalizados.

OUTROS DESTAQUES

Veja outros destaques da edição nº 706/2015 da Revista A Lavoura, clicando aqui!

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Fonte: Revista A Lavoura

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