Exceto pelo baixo preço, é normal o comportamento do frango

Como o frango abatido encerrou o primeiro trimestre de 2018 com o menor preço dos últimos 12 anos, a sensação que prevalece é a de que tal desempenho foge totalmente à normalidade. Mas não é bem assim.

É verdade que neste ano a perda de preço do produto vem sendo mais grave, pois, em comparação ao valor de abertura do ano, março foi encerrado com um valor nominal 21% menor.

Isso, embora em escala mais modesta, ocorreu também nos dois anos anteriores. No ano passado a redução foi de 14%. E em 2016 de 13% (isto, enquanto os custos registravam altas estratosféricas).

Mas o que se quer dizer, em suma, é que a despeito dos resultados assustadores, o frango apresentou em março o comportamento típico do mês.

E isso fica bem claro no gráfico abaixo, no qual são apresentados os preços diários do frango abatido resfriado (base: Grande Atacado da cidade de São Paulo) no mês de março de 2016, 2017 e 2018.

É importante notar que, apesar de se referir ao mesmo mês do ano, os três momentos são absolutamente diferentes entre si.

Em 2016 se vivia a crise no abastecimento do milho. Em 2017 se enfrentou a operação Carne Fraca. E agora, em 2018, problemas nas exportações e os ecos de uma operação Trapaça. No entanto, as curvas de preço dos três anos se cruzam, se entrelaçam, se confundem.

Naturalmente, como os preços de 2018 estão visivelmente aquém dos registrados nos dois anos anteriores, foi preciso recorrer a um recurso gráfico para essa demonstração: colocar a curva em um eixo secundário (expresso abaixo na cor vermelha, à direita).

Porém, excetuada a diferença de preço (R$ 0,60 a menos em 2018), as três curvas se assemelham na maior parte do mês.

Assim, só a partir da quarta semana de março é que os resultados divergiram. Mesmo assim, não muito. Em 2016, depois de uma queda contínua a partir da segunda semana, ocorreu breve recuperação de preços na quarta semana. Mas o mês foi encerrado com redução de 8% em relação ao valor do dia 1º.

No ano passado, a diminuição começou no final da primeira quinzena e foi praticamente contínua até o final do período, ocasião em que o preço registrado ficou 6% abaixo do valor inicial do mês.

Já em 2018 a queda começou, também, antes da virada da quinzena. Ocorreu ligeira estabilização em meados do mês, mas na sequência a queda foi aguda e, a despeito de novo período de estabilidade nos últimos sete dias do mês, o período foi encerrado com queda próxima de 10%.

Para encurtar o assunto: tirando o baixíssimo preço – efeito, sem dúvida, do desequilíbrio entre oferta e procura, o frango registrou em março o comportamento habitual do mês. Aliás, se os custos permanecessem nos mesmos níveis de meados do ano passado, talvez o setor nem percebesse estar operando sob o menor valor dos últimos 12 anos.

Infelizmente, nestes últimos 12 meses, enquanto o preço recebido pelo frango abatido recuou mais de 15%, seus custos aumentaram em torno de 30%. E é isso que ocasiona o desespero no setor.

 

 

Fonte: AviSite

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