O dólar comercial fechou em baixa de 0,47%, cotado a R$ 3,3025 para compra e a R$ 3,3036 para venda, com máxima a R$ 3,3108 e mínima a R$ 3,2973, após fechar em alta por cinco semanas seguidas e ter ido acima de R$ 3,30 diante do ambiente externo mais tranquilo devido ao alívio com os temores de eventual guerra comercial global.
Depois de acumular ganhos de 3% nas cinco semanas passadas.
“O mercado está cautelosamente esperançoso que os Estados Unidos e a China cheguem a um acordo comercial”, disse o diretor de operações da Mirae Asset, Pablo Spyer.
Os EUA pediram à China na semana passada que reduza a tarifa sobre os carros norte-americanos, compre mais semicondutores feitos no país e dê às empresas norte-americanas maior acesso ao setor financeiro chinês, informou nesta segunda-feira o Wall Street Journal.
Segundo a publicação, o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, e o representante do Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, listaram medidas que Washington quer que a China adote em uma carta a Liu He, recém-indicado vice-primeiro-ministro que supervisiona a economia da China.
No mercado internacional, por volta das 17h40 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em baixa de 0,53%, cotado aos 88,63 pontos, enquanto o euro estava em alta de 0,79%, cotado a US$ 1,2450.
Internamente, o mercado também acompanhava o julgamento, pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), dos embargos de declaração da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra a condenação no processo sobre o tríplex no Guarujá (SP), após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) da semana passada que proíbe eventual prisão do petista até 4 de abril, dia em que a corte retomará o julgamento de habeas corpus preventivo de Lula.
O ex-presidente, que lidera as pesquisa de intenção de voto à Presidência, é considerado pelo mercado um candidato menos comprometido com as contas públicas. Essa condenação por órgão colegiado de tribunal significa que Lula está sob o risco de ter sua eventual candidatura à Presidência barrada com base na Lei da Ficha Limpa.
O Banco Central brasileiro vendeu nesta sessão toda a oferta de 14.000 contratos de swap cambial tradicional, para rolagem do lote que vence em abril. Com a venda de hoje, o BC já rolou US$ 7.7 bilhões do total de US$ 9.029 bilhões.
Se mantiver esse volume e vendê-lo integralmente, o BC rolará o valor total dos swaps que vencem no próximo mês.
Juros futuros recuam, com exterior e expectativa de ata do Copom
Os contratos futuros de taxas de juros registram boa queda no início de uma semana marcada por eventos importantes para a política monetária. O mercado aguarda a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) e o relatório trimestral de inflação para calibrar as expectativas para o ponto final do ciclo de cortes da Selic.
No entanto, se já não bastasse a agenda local para direcionar os ativos, foi a movimentação no exterior que deu o pontapé para a queda dos juros futuros nesta segunda-feira. O alívio das preocupações com uma guerra comercial no exterior gerou mais argumentos para quem vê as taxas dos DIs em níveis excessivamente elevados.
O ajuste do “prêmio de risco” ficou mais evidente nos vencimentos intermediários dos DIs. No fim da sessão regular, por volta das 16h, a taxa projetada pelo DI janeiro/2021 recuou 0,120% pontos-base, para 7,950%. O DI janeiro/2020 caiu 0,100%, para 7,040%. O DI janeiro/2023 estava cotado a 8,960% (9,050% no ajuste anterior). Entre os vencimentos mais curtos, o DI janeiro/2019 caiu para 6,210% (6,240% no ajuste anterior).
A melhora da conjuntura externa é crucial não só para os preços dos ativos financeiros, mas também para a trajetória da taxa básica de juros. Assim como a disputa presidencial no Brasil, este é um tema que ganha peso no debate sobre uma normalização das condições monetárias, o que ainda divide opiniões no mercado.
Nas projeções coletadas pelo Boletim Focus, os especialistas estimam a Selic em 8% no fim do ano que vem. E no mercado, os investidores são ainda mais reticentes. A taxa básica precificada pelos contratos de DI gira em torno de 9% em 2019.
Há quem defenda uma normalização menos acentuada. No Rabobank Brasil, a expectativa é de que a Selic caia para 6,25% em maio e só volte a subir em 2020. Já o BNP Paribas projeta elevação gradual da taxa, a partir do segundo trimestre de 2019, para 7,5% no fim do ano.
Amanhã, na ata da reunião de março, o Copom deve reiterar a expectativa de que a Selic deve cair mais uma vez em maio, do nível atual de 6,50% para 6,25%. No entanto, ainda há dúvidas se será abordado o intervalo de manutenção da taxa nesse patamar. “Dada a sinalização de interrupção do processo de flexibilização após maio, o Copom deve dar algum horizonte para a sustentação deste patamar de juros”, disse Alessandra Ribeiro, da Tendências.
A trajetória da inflação no Brasil num contexto de amplo hiato do produto (diferença entre o PIB potencial e o PIB efetivo) alimenta as apostas de curto prazo para a Selic. Há inclusive quem espere, de maneira ainda tímida, a queda da taxa para 6% neste ano, frente os atuais 6,50%.