O analista da T&F Consultoria Agroeconômica, Luiz Fernando Pacheco, afirmou que a demanda mundial crescente por trigo deve servir como sinal para que o Brasil invista nessa cultura com vistas à exportação, assim como já faz a vizinha Argentina. O especialista propõe, inclusive, que o país tenha um planejamento de longo prazo nesse sentido.
“Em nossa palestra na Expodireto, propusemos um plano de dez anos para o aumento da produção no RS, direcionado à exportação, principalmente para o leste da África e para o sudoeste da Ásia, regiões onde o trigo gaúcho poderia ser competitivo por causa do frete, desde que garanta regularidade no fornecimento e tipo definido”.
Pacheco acrescentou que “um recente artigo do analista Federico di Yenno, no Informativo Semanal da BCR registra com muita precisão os avanços do trigo argentino no exterior, principalmente para as regiões por nós sugeridas, mostrando que há demanda latente e possibilidade de negócios”.
De acordo com o relatório da Bolsa de Cereais de Rosário, o preço FOB do trigo argentino subiu US$ 15,00/tonelada na última semana, fruto da demanda externa mais forte do Brasil, Argélia e do Sudeste Asiático, junto a preços mais firmes nos mercados internacionais neste ano de 2018. Assim, a demanda se soma à incerteza climática da Argentina e dos EUA, que elevaram o preço da safra 2017/18.
Segundo dados oficiais do Indec (Instituto Nacional de Estatísticas e Censos) da Argentina, nos meses de dezembro de 2017 e janeiro de 2018 (primeiros meses da nova safra de trigo 2017/18) as exportações de trigo argentino alcançaram 4,28 milhões de toneladas, um aumento de 300.000 toneladas ou 8% em relação a igual período do ano anterior.
“Neste aumento tiveram papel principal a demanda do norte de África, Brasil e do Sudeste Asiático, para onde foram aumentados os embarques em 28 %, 18 % e 13 %, respectivamente, com relação a igual período da safra 2016/17”, afirmou o analista di Yenno.
“Esta escalada no preço se evidenciou tanto no preço do trigo no mercado local, como nas demais praças ao redor do mundo. Isto nos dá a pauta de que, apesar dos incrementos anuais que continuam sendo registrados na produção a nível mundial, a demanda do cereal continua firme por parte dos países emergentes, como é o caso citado de Ásia e África”.
Fonte: Agrolink