O dólar comercial fechou em alta de 0,13%, cotado a R$ 3,2612 para compra e a R$ 3,2621 para venda, com máxima a R$ 3,2659 e mínima a R$ 3,2382.
O dólar reduziu sensivelmente a queda registrada na parte da manhã, com fluxo de saída minimizando pontualmente a percepção de que os juros nos Estados Unidos não vão subir mais do que o esperado após a divulgação dos dados comportados de inflação nos Estados Unidos.
“Com o núcleo (da inflação) ainda confortavelmente abaixo da meta, o Fed não tem razões para promover aumento mais agressivo das taxas de juros do que o que está atualmente precificado”, disse o analista da gestora CIBC, Avery Shenfeld, em nota.
Os preços ao consumidor dos Estados Unidos desaceleraram em fevereiro em meio à queda nos preços da gasolina e à moderação no custo dos aluguéis, na mais recente indicação de que uma aceleração da inflação provavelmente será apenas gradual.
Excluindo os componentes voláteis de energia e alimentos, o índice registrou alta de 0,2% depois de subir 0,3% em janeiro. Na base anual, o avanço do chamado núcleo de preços ao consumidor repetiu a taxa de 1,8% de fevereiro.
Logo após a divulgação dos dados, os juros futuros norte-americanos indicavam 26% de chances de o Fed elevar os juros quatro vezes neste ano, contra 28% antes da divulgação dos números, segundo dados da Reuters.
O Fed vem indicando que elevará os juros três vezes neste ano de forma gradual e, um movimento mais forte do que o esperado aumentaria o potencial de atrair para os Estados Unidos recursos aplicados hoje em outros mercados financeiros, como o brasileiro.
Após a divulgação dos dados da inflação e a demissão do Secretário de Estado, Rex Tilerson, no mercado internacional, por volta das 17h20 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em baixa de 0,20%, cotado aos 89,71 pontos, enquanto o euro estava em alta de 0,39%, cotado a US$ 1,2388.
Internamente, a captação de US$ 750 milhões do Itaú Unibanco, na véspera, também contribuía para o recuo do dólar.
O Banco Central brasileiro vendeu nesta sessão toda a oferta de 14.000 contratos de swap cambial tradicional para a rolagem do lote que vence de abril. Com a venda de hoje, o BC já rolou US$ 1.4 bilhão do total de US$ 9.029 bilhões.
Se mantiver esse volume e vendê-lo integralmente, o BC rolará o valor total dos swaps que vencem no próximo mês.
Juros futuros de longo prazo têm maior queda em duas semanas
Os contratos futuros de DI de longo prazo registraram nesta terça-feira (13 de março), a maior queda em duas semanas. O gatilho do movimento, entretanto, não veio de uma mudança estrutural da economia, que costuma movimentar esses vencimentos. Profissionais de mercado apontam que o ajuste, de caráter mais técnico, veio com a leitura de que o ciclo de corte de juros está chegando ao fim, revertendo a dinâmica que vinha perseverando no mercado. Alguns players esperam que após o corte final da Selic em março, o BC deve sinalizar a interrupção da flexibilização monetária.
Até então, os vencimentos mais curtos vinham caindo com as expectativas de uma Selic mais baixa, enquanto os longos se movimentaram num ritmo bem mais lento. Como resultado, a distância entre as duas pontas, chamada de inclinação da curva de juros, aumentou por dez sessões consecutivas, desde 26 de fevereiro.
Nesta terça-feira, que também contou com ventos favoráveis para os ativos de risco no exterior, foi a vez de buscar esse “prêmio” acumulado em duas semanas. A diferença entre o DI janeiro/2021 e o DI janeiro/2025, por exemplo, cedia 0,06% no fim da sessão regular, para 1,35%, depois de registrar na segunda-feira (12 de março), o maior nível desde 28 de dezembro.
Outro ajuste foi observado no DI janeiro/2027. A taxa caía 0,10%, para 9,770%, na maior queda em termos percentuais em duas semanas quando recuou 0,15%. E vale destacar que, dez sessões atrás, o que motivou a queda também foi uma questão técnica: as novas regras do CMN para aplicações em renda fixa, que buscavam justamente tirar distorções no mercado.
O quadro de juro longo em nível elevado e iminência do fim do ciclo da Selic tendem a deixar o “prêmio” na parte mais longa da curva mais atraente do que os trechos intermediários, explicam operadores de mercado. “Não que seja a opinião majoritária (sobre um futuro sinal do Copom), mas vemos algumas casas se movimentando nesse sentido”, disse um operador.
O que se espera, em geral, do comunicado do Copom, que acompanhará sua decisão para Selic no próximo dia 21 de março, é a manutenção de um grau de flexibilidade para a trajetória do juro básico, sem fechar totalmente a porta para novos cortes. “O BC deve endurecer um pouco o tom e indicar que o ciclo realmente está terminando, mas não parece que vai se fechar a novas surpresas da inflação”, disse um gestor.
Para o economista-chefe da Garde, Daniel Weeks, o que pode mudar essa perspectiva e levar a mais cortes de juros é a expectativa de inflação de 2019, que aos poucos se tornará o ano mais relevante para a política monetária. “O BC não deve fechar totalmente a porta (para cortes de juro além de 6,50%), mas vai olhar mais as expectativas para 2019”, diz.
A pausa nos cortes da Selic, após março, confere tempo para a autoridade monetária reavaliar o cenário e até postergar uma futura alta de juros. A leitura prospectiva da política monetária também enfrenta a eleição no Brasil, aceleração da inflação no mundo e até uma redução de liquidez nos países desenvolvidos. “Vai ser um mundo com menos liquidez”, disse o sócio e gestor da Modal Asset, Luiz Eduardo Portella. “Faço parte do grupo que acredita que o BC para (de cortar juros) em 6,5%, em vez de cair mais, e consegue postergar uma alta das taxas”, disse.