O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, acompanhado de integrantes do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) do ministério e de pesquisadores da Embrapa Suínos e Aves, visitou na última sexta-feira (9/3) a planta da BRF de Concórdia (SC).
Na unidade de abate de suínos e aves estão sendo realizados testes-piloto de um novo modelo de inspeção que identifica eventuais riscos de contaminação da carne por microrganismos na suinocultura industrial. O controle é feito nas etapas ante e post mortem dos animais. Uma das mudanças em estudo é separar determinadas partes para inspeção em salas específicas.
“Eu gostei muito do que vi. Estamos no início de um processo de mudanças que trará economia para as empresas, mais tranquilidade e mais segurança para o consumidor, não só para o consumidor brasileiro, mas também para o estrangeiro. É para isso que eu tenho lutado muito no Ministério da Agricultura”, disse Maggi.
A partir deste mês, serão iniciados testes também nos estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraná. Para que os procedimentos sejam institucionalizados pelo Mapa, a validação precisa ser feita por meio de testes-piloto. O trabalho em Concórdia é coordenado pela Embrapa Suínos e Aves e pelo Dipoa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com a colaboração de especialistas de universidades.
Em paralelo, pesquisadores trabalham na avaliação de risco de contaminantes da avicultura, incluindo as análises laboratoriais. A expectativa é estender os testes aos estabelecimentos no próximo ano.
Entre os patógenos, a Salmonella será alvo específico de um programa nacional de redução desse microrganismo, que entrará em vigor para todos os estabelecimentos com Selo de Inspeção Federal (SIF) por meio de instrução normativa do Mapa.
Segundo a auditora fiscal federal agropecuária do Dipoa, Elenita Ruttscheidt Albuquerque, uma das coordenadoras do trabalho voltado à suinocultura, “o maior risco é a contaminação da carne com microrganismos não detectados pela inspeção, que dependem de pesquisa laboratorial”.
Albuquerque declarou que “é evidente a necessidade de modernização para ajustar o foco da ação de governo na prevenção de perigos que ameaçam a inocuidade dos alimentos”.
A indicação da equipe é que o serviço oficial mantenha no post mortem um exame na linha, de linfonodos mesentéricos (inflamações no leque membranoso que liga vários órgãos a parede do corpo), com o departamento de inspeção final fazendo as verificações amostrais dos procedimentos e decisões realizados pela agroindústria.
Também devem ser realizadas, pelo veterinário oficial, a verificação de processos de higiene e certificação de lotes. “As alterações que estão sendo propostas nos procedimentos estão baseadas em conhecimento científico internacional, comparado com resultados gerados no Brasil”, afirmou a pesquisadora Jalusa Deon Kich, da Embrapa Suínos e Aves.
Ela disse ainda que o objetivo de mudança da inspeção está ligado à exigência de manter a saúde pública e a qualidade da carne produzida no Brasil, detectando na linha de abate os possíveis perigos.
“O monitoramento e a fiscalização por parte do governo junto à agroindústria, deve levar em conta a mudança de cenário dos perigos das zoonoses (doenças dos animais que podem ser transmitidas ao ser humano) adequando procedimentos à nova realidade da produção”.
A primeira fase do projeto se concentrou no levantamento dos dados do Brasil sobre o abate fiscalizado pela inspeção federal. De acordo com Jalusa Kich, foram analisados dados de 100% dos abatedouros com SIF. “Reunimos as informações, analisamos e podemos dizer que conseguimos uma fotografia do abate do SIF”.
Os estabelecimentos com SIF representam 86% do abate nacional de suínos, criados em sistema tecnificado, confinado e sob controle veterinário.
Baixo risco
Segundo a pesquisadora , os resultados das análises mostram que o risco de infecções alimentares é muito baixo, pois a maioria das rejeições da carcaça se deve à detecção de lesões e defeitos relacionados a falhas de qualidade na criação, transporte e abate.
“Por isso, o exame ante mortem deve ser plenamente realizado pelo veterinário oficial o qual deve examinar 100% dos lotes. Na avaliação post mortem, somente alguns exames realizados em vísceras e carcaças precisam ser mantidos”, esclarece Kich.
Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento