Em dia volátil, dólar fecha em leve baixa, após atingir a maior cotação desde o início do ano

O dólar comercial fechou praticamente estável, em baixa de 0,03%, cotado a R$ 3,2446 para compra e a R$ 3,2461 para venda, com máxima a R$ 3,2790, sendo esta a cotação mais elevada desde 2 de janeiro, quando foi negociado a R$ 3,2970, e mínima a R$ 3,2377.

Depois de chegar a R$ 3,2790 pela manhã, com alta de quase 1%, o dólar perdeu força e fechou praticamente estável nesta terça-feira, influenciado pela recuperação das bolsas de valores norte-americanas após a forte queda na véspera em meio à perspectiva de maior aperto monetário nos Estados Unidos.

O movimento de alta mais cedo veio mesmo após a atuação do Banco Central, que voltou a intervir no mercado cambial com leilão de swap cambial. O dólar, no mês, acumula uma alta de cerca de 2%.

“A volatilidade pode persistir no curto prazo, mas continuamos confiantes de que o mercado continua altista (no mercado acionário). Se antes estava claro que uma correção estava por vir, agora estamos próximos de ver algum exagero com essas vendas técnicas”, disse o vice-presidente de investimentos do banco UBS, Mark Haefele, em nota.

Dados mais robustos sobre o mercado de trabalho norte-americano divulgados na sexta-feira já haviam reforçado a leitura de que o Federal Reserve poderá ser mais duro na trajetória de aperto monetário diante da inflação ser mais pressionada.

A expectativa de juros mais altos na maior economia do mundo deu início recentemente ao forte movimento de aversão ao risco global, culminando com as bolsas norte-americanas despencando na véspera. Neste pregão, Wall Street mostrava recuperação e aliviava o restante do mercado, apesar da elevada volatilidade.

“O maior risco é que os bancos centrais estivessem atrasados em relação à política monetária. Os últimos dados fizeram soar esse temor”, disse mais cedo o analista econômico da gestora Rio Gestão, Bernardo Gonin, ao justificar a pressão no dólar.

No mercado internacional, por volta das 17h25 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em baixa de 0,16%, cotado aos 89,43 pontos, enquanto o euro estava em alta de 0,19%, cotado a US$ 1,2391.

A alta do dólar na parte da manhã aconteceu mesmo após o BC brasileiro voltar ao mercado. A autoridade monetária realizou nesta manhã o primeiro leilão de swap cambial tradicional para rolagem do lote que vence em março, no total de US$ 6.154 bilhões. Vendeu a oferta integral de 9.500 contratos, ou US$ 475 milhões.

Mantido esse volume diário até o final do mês e vendendo os lotes todos, rolará integralmente o lote que vence em março. O estoque total de swap cambial tradicional nas mãos do BC é de US$ 23.796 bilhões. “Nesses níveis de dólar, já era esperado que o BC sinalizasse rolagem integral. Impacto nulo no dólar”, disse Gonin.

Como pano de fundo, o mercado seguiu de olho os esforços do governo para conseguir apoio político para aprovar a reforma da Previdência neste mês na Câmara dos Deputados.

Mercado reduz expectativa de corte da Selic em março e juro futuro recua

Os contratos futuros de taxas de juros de longo prazo registraram ajustes de baixa nesta terça-feira, num dia bem mais calmo que ontem, quando uma onda de vendas no mercado acionário americano puxou o dólar para cima e elevou a demanda por proteção no mercado brasileiro de DI.

Hoje, os mercados de Wall Street interrompem as quedas, e o índice de volatilidade VIX recuou após dobrar de pontuação na véspera. Mas a melhora nas praças financeiras nos EUA, mesmo depois de dois dias de fortes perdas, desencoraja avaliações de que o pior já passou.

“É natural que depois de uma liquidação como a de ontem o mercado dê uma pausa. Mas dizer que é o fim das vendas é outra história”, disse um gestor que pediu para não ser identificado.

Em termos de política monetária no Brasil, a turbulência recente ainda não é vista como razão para o Banco Central deixar de reduzir a Selic em 0,25% na decisão desta quarta-feira. Ajuda a informação de que o IGPDI de janeiro (0,58%) desacelerou a alta frente a dezembro passado (0,74%).

Desde a reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM) de dezembro, as leituras de preços foram diversas, mas ainda sinalizam alta em ritmo abaixo do centro da meta para este ano (4,5%).

O risco de a reforma da Previdência não ser aprovada em 2018 é um ponto de atenção, mas o presidente do BC, Ilan Goldfajn, já havia deixado claro em entrevista ao Valor que o colegiado observa a situação econômica como um todo e não apenas um elemento. “Nada do COPOM é binário”, disse ele ao jornal em dezembro.

Por outro lado, Ilan destacou no fim de janeiro a importância da aprovação da reforma enquanto o cenário externo é favorável. Na ocasião, afirmou ainda que o principal risco à inflação vem de fora.

Segundo analistas, o canal de transmissão de uma turbulência global para a inflação é a taxa de câmbio. O dólar sobe quase 2% em fevereiro, mas ainda recua 2,12% no acumulado do ano. E mesmo uma apreciação adicional, contanto que gradual, não seria motivo para o BC abortar o plano de corte de juros amanhã, de acordo com profissionais do mercado.

A grande questão é o COPOM de março. E, na dúvida, o mercado reduz as expectativas de um corte de 0,25% no terceiro mês do ano. Segundo elas, a probabilidade de redução de 0,25% da Selic em março caiu hoje para 17% de quase 25% ontem.

Ao fim do pregão regular, às 16h, o DI janeiro/2019 tinha taxa de 6,825% ao ano (6,82% no ajuste anterior). O DI janeiro/2020 caía para 8,070% (8,09% no ajuste anterior). O DI janeiro/2021 cedia para 8,910% (8,94% no ajuste anterior).E o DI janeiro/2023 recuava para 9,590% (9,66% no ajuste anterior).

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