Rally da Safra: colheita de soja pode ser recorde

Até o começo do ano, a expectativa para a safra de soja não era tão boa quanto no ano passado, quando a colheita bateu recorde. “Deu tudo certo”, lembra o produtor Roger Augusto Rodrigues, que nesta segunda-feira (5/2) começou a colher os 2.500 hectares em sua propriedade no município de Diamantino (MT).

Rodrigues espera colher mais do que em 2017, quando foi prejudicado no plantio. “Ano passado foram 110 mil sacas. Tive problema de atraso de entrega de adubo. Esse ano não estou contando com esse problema. Tenho de colher mais”, disse.

A realidade de Roger pode não ser diferente dos produtores de sua região, o médio norte de Mato Grosso, visitado pelas equipes do Rally da Safra, da Agroconsult, nesta semana. Ainda em janeiro, a expedição foi a campo e constatou que as lavouras brasileiras têm potencial para igualar ou superar a safra do ano passado.

“Finalizamos o levantamento das equipes destinadas a olhar para a soja de ciclo precoce. Encontramos realidades distintas. Quando a gente percorre o médio norte de Mato Grosso, por exemplo, a gente vê um potencial produtivo muito bom. Em comparação com o ano passado, em alguns lugares é até melhor”, disse o analista André Debastiani.

Ele explica que o início do Rally – uma análise completa das condições das plantações de grãos em todo o Brasil, é dedicado à soja de ciclo precoce.

Em janeiro, os analistas da Agroconsult já haviam passado pelo Médio Norte. A intenção era avaliar os efeitos do atraso no plantio e da ocorrência de veranicos em algumas regiões sobre a produtividade no campo, já que as condições climáticas não eram as melhores.

O levantamento daquela etapa já está finalizado e será incluído na estimativa que a consultoria deve divulgar na próxima semana. O número não foi fechado, mas tem potencial para superar o ano passado, quando a safra atingiu 114.6 milhões de toneladas. Isso porque as condições climáticas, com algumas exceções (ver abaixo) foram ideais.

“O potencial produtivo é melhor do que nossas estimativas iniciais. Possivelmente teremos uma safra melhor do que tínhamos estimado inicialmente”, afirmou Debastini. “Se ela vai ser maior que a safra anterior ou não, aí os números que vão dizer, mas já estávamos muito próximos. No ano passado foram 114.6 milhões de toneladas e a primeira estimativa nossa para esta safra era de 114.1 milhões de toneladas”.

“O veranico não foi tão radical. Para nós foi excelente, com 15 dias de sol. Deu enchimento de grãos, deu peso, disse Roger Rodrigues.

Assim como ele, os produtores dizem que o desenvolvimento da soja de ciclo médio, objeto de avaliação da Agroconsult nesta etapa do Rally, está muito bom.

“Está ficando claro que não é mais uma seca que pode prejudicar o potencial dessa safra. O que poderia prejudicar é o excesso de chuvas. A única forma de você perder soja hoje em Mato Grosso é o excesso de chuva, afirmou André Debastiani.

Confira alguns dos resultados parciais do Rally da Safra.

Paraná

As lavouras paranaenses tiveram atraso bastante significativo. Houve períodos de nebulosidade bastante intensos, favorecendo o desenvolvimento de doenças que já estavam no campo. Apesar da incidência elevada de pragas e doenças, a soja tem potencial produtivo alto.

Mato Grosso do Sul

O sul do estado se destacou muito positivamente nas primeiras análises. O calendário de plantio foi cumprido à risca e não houve períodos de veranico.

Goiás

O sudoeste goiano sofreu com dois movimentos extremos. Primeiro houve um atraso no plantio que, em algumas regiões, chegou a chegou a 25 dias. Depois houve momentos de nebulosidade altos seguidos de seca com um calor bastante intenso.

A soja já começou a ser colhida em algumas lavouras, e o peso dos grãos (pmg) está abaixo do ano passado. A colheita já está apresentando um potencial produtivo menor do que o ano anterior, em função do pmg.

Mato Grosso

A região sudoeste, que produz muito milho safrinha, sofreu com uma seca severa em janeiro. Os maiores prejuízos estão concentrados nas áreas arenosas, que não conseguem reter umidade em função do calor intenso e dos 15 dias de sol que tiveram reflexos grandes em termos de produtividade das lavouras.

Esse quadro não pode ser estendido a toda a região, pois as áreas arenosas são menores. O sudoeste é uma área bastante consolidada, com produção intensa de algodão, onde os produtores trabalham muito o perfil do solo e a produtividade. Vai haver redução da produção, mas o potencial ainda é alto.

 

Fonte: Globo Rural

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp