Dólar recua com fluxo de venda e mercado externo

O dólar comercial fechou em baixa de 0,36%, cotado a R$ 3,1683 para compra e a R$ 3,1690 para venda, com máxima a R$ 3,1973 e mínima a R$ 3,1618, com fluxo vendedor após haver se aproximado de R$ 3,20 na máxima do dia e acompanhando ainda o mercado externo mesmo após comentário sobre inflação mais alta nos Estados Unidos feito pelo Federal Reserve não ter conseguido tirar a o Dollar Index de perto da mínima de três anos.

“Dólar na faixa de R$ 3,20 consideramos um bom ponto de venda e os investidores têm aproveitado”, disse o diretor da consultoria de valores mobiliários Wagner Investimentos, José Faria Júnior.

Logo nos primeiros negócios do dia, o dólar retomou a tendência de alta, aproximando-se da casa de R$ 3,20. Entretanto, na medida em que a pressão externa diminuía o avanço logo foi revertido em uma queda moderada.

O comportamento errático da moeda é atribuído ao ambiente favorável de negócios, tanto externo quanto interno, mas ainda repleto de incertezas. A conjuntura econômica continua sendo um fator positivo para os ativos, a exemplo da expansão da produção industrial de dezembro. Conforme divulgado mais cedo, a atividade no segmento subiu 2,8%, bem acima da expectativa média de 1,7%.

“Um crescimento econômico maior facilita o ajuste fiscal”, disse o estrategista-chefe do banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno. A retomada também se traduz num aumento de confiança na eleição de um candidato mais alinhado à agenda de reformas.

No entanto, é justamente da política que surgem os principais riscos à trajetória dos ativos. A condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva gera um quadro eleitoral mais positivo para os investidores. No entanto, o nome de centro ainda não teria despontado nas pesquisas, inibindo assim movimentos mais claros do mercado para um lado ou para o outro. E com a retomada dos trabalhos no Congresso em fevereiro, os ruídos políticos prometem aumentar, principalmente no que se discute em torno da reforma da Previdência.

O mercado não espera pela aprovação da medida ainda no governo de Michel Temer. O discurso de governistas e de sua base aliada também denota as dificuldades do processo com relatos de que faltam, pelo menos, 40 votos para conseguir tirar a medida do papel.

A queda do dólar garantiu ao real um dos cinco melhores desempenhos do dia entre as principais moedas globais. No entanto, na semana, o câmbio brasileiro já vai para outra ponta da lista, enquanto já não se encontra nas melhores colocações no resultado acumulado do ano.

O Banco Central brasileiro não anunciou qualquer intervenção no mercado de câmbio nessa sessão, com o mercado ainda sob a expectativa de possível rolagem dos US$ 6.154 bilhões de swap cambial tradicional que vencem em março.

Os últimos leilões para rolagem aconteceram em dezembro, para rolagem de contratos que venceram em janeiro. O estoque total do BC é de US$ 23.796 bilhões.

Havia também expectativa no mercado nesta sessão sobre a possibilidade de rolagem de contratos de venda com compromisso de compra de dólares que vencem na sexta-feira. Segundo o BC, são ao todo de US$ 3 bilhões.

“Acho que o BC não tem motivo para rolar tudo porque há fluxo. Se ele rolar tudo, pode pressionar a moeda norte-americana para baixo”, disse Faria Júnior.

Na véspera, o Fed manteve inalterada a sua taxa de juros, mas informou que a inflação deve acelerar este ano, aumentando as expectativas de que os custos de empréstimo continuarão a subir sob o comando do novo Presidente, Jerome Powell.

Mesmo assim, o Dollar Index operava em queda. O dólar vem sofrendo diante do esperado aperto nas políticas monetárias em outras partes do mundo, juntamente com crescimento econômico global mais forte, que tem incentivado investidores a colocar mais dinheiro em outras praças.

No mercado internacional, por volta das 17h50 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em baixa de 0,51%, cotado aos 88,50 pontos, enquanto o euro estava em alta de 0,75%, cotado a US$ 1,2506.

Juros futuros de longo prazo recuam com apetite global por risco

Os contratos futuros de taxas de juros de prazos mais longos registraram quedas nesta quinta-feira (1º de fevereiro), com alguns vencimentos em baixa de 0,10%. O movimento é característico da atuação de estrangeiros, especialmente num dia em que o Tesouro Nacional vendeu papéis prefixados de vencimentos longos, justamente os que atraem mais demanda desse perfil de investidor.

As taxas de DI começaram a cair com mais firmeza exatamente após a divulgação do resultado do leilão, perto de 12h30. A oferta de 800.000 NTN-F pelo Tesouro foi bem maior que a do leilão do último dia 24 (150.000). Ainda assim, o título para 2029 saiu com taxa máxima (9,8698% ao ano) abaixo da registrada na operação da semana passada (10,0198%).

A demanda por prefixados longos ocorre em meio a um começo auspicioso de mês para os mercados financeiros globais, depois de um janeiro que já ficou marcado no Brasil como o melhor mês em seis meses. A incerteza medida pelo índice VIX caiu quase 7% hoje, enquanto as bolsas de valores de Nova York voltam a subir, dando suporte ao Ibovespa em dia de queda do dólar.

No curto prazo, além das expectativas pela votação da reforma da Previdência e os desdobramentos da corrida eleitoral, investidores acompanham variáveis que mexam com as perspectivas para a política monetária. A curva de taxa a termo embute 100% de chance de corte de 0,25% da Selic na próxima quarta-feira (7). Para março, os preços indicam probabilidade de 31% de queda nessa mesma magnitude.

Ao fim do pregão regular, às 16h, o DI janeiro/2027 cedia para 10,020% ao ano, frente a 10,09% do ajuste de quarta-feira (31), o DI janeiro/2029 cedia para 10,220%, contra 10,31% ontem, o DI janeiro/2023 estava cotado a 9,480% (9,51% na véspera) e o DI janeiro/2021 cedia para 8,810% (8,82% ontem).

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