Após três anos de recuos, a indústria brasileira conseguiu recuperar parte de suas perdas. De acordo com os números divulgados pelo IBGE na quinta (1), a produção industrial do País fechou 2017 com expansão de 2,5% frente a 2016. Com resultados positivos nas quatro grandes categorias econômicas e 19 dos 26 ramos, o agronegócio permeou boa parte da retomada.
Quando avaliados os ramos de atividade, o setor alimentício está entre os que mais colaboraram para o resultado positivo, com expansão de 1,1%. Apesar de aparentemente tímido, este número é apenas uma fatia, a mais direta, do agronegócio no indicador. O peso do setor também pode ser verificado, indiretamente, em outras atividades como borracha e de material plástico (4,5%), de celulose, papel e produtos de papel (3,3%), e de produtos do fumo (20,4%).
“A expectativa é positiva para o segmento alimentício. Acreditamos que a atividade feche 2018 com crescimento de 1,7%. Não podemos esquecer que, em 2016, quando o indicador de produção industrial global veio negativo, o segmento alimentício apresentou expansão de 0,5%”, comenta o analista especializado em agronegócio da Consultoria Tendências, Felipe Novaes.
Em 2017, a maior contribuição para o resultado positivo veio de veículos automotores, reboques e carrocerias (17,2%), seguida pelas indústrias extrativas (4,6%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (19,6%) e de metalurgia.
Ainda de acordo com o IBGE, das sete atividades com queda na produção, coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-4,1%) teve a maior contribuição negativa, pressionada, em grande medida, pelo item óleo diesel.
Entre as grandes categorias econômicas, destaque para bens de consumo duráveis (13,3%) e bens de capital (6,0%), que tiveram a influência da baixa base de comparação, com -14,4% e -10,2%, respectivamente, no acumulado de 2016. Os setores produtores de bens intermediários (1,6%) e de bens de consumo semi e não duráveis (0,9%) também cresceram no acumulado no ano. Estes dois últimos, mais uma vez, estão mais ligados às atividades do agronegócio.
PERSPECTIVAS
Felipe Novaes chama a atenção para fatos importantes que devem se refletir na no agronegócio e sua participação no indicador de produção industrial.
“O açúcar foi um dos principais responsáveis pelo desempenho positivo do segmento alimentício em 2017, mas deve colaborar muito menos este ano. Isso deve ocorrer porque o preço da commodity caiu no mercado internacional, então os usineiros devem optar pela fabricação de etanol. Se pelo lado do ramo alimentício a notícia não é boa, o impacto positivo será sentido no segmento de combustível e derivados”, explica ele.
Outra mudança também pode ser esperada, desta vez na participação da soja. A oleaginosa deverá ter peso maior no cálculo dos biocombustíveis e menor no alimentício. Isto ocorrerá, segundo Novaes, por conta da possibilidade de antecipação da mistura de 10% de biodiesel ao diesel mineral, que poderá se iniciar a partir de março de 2018. Desta forma, parte do que era direcionado para o consumo humano, irá para a fabricação.do produto.
“Uma boa notícia para o agronegócio deve vir da pecuária. Depois de um 2017 muito ruim por conta de acontecimentos como Operação Carne Fraca e delação da JBS, a demanda asiática se apresenta forte e o rebanho brasileiro entra em ciclo de maior abate”, acrescenta o analista.
Equipe SNA/Rio