A taxa de juros da economia brasileira atingiu essa semana o menor patamar de sua história, alcançando a marca de 7% ao ano. Apesar do forte recuo sofrido na Selic este ano, analistas de mercado acreditam que os tomadores de crédito, tanto pessoas Físicas como Jurídicas, ainda vão demorar a usufruir de spreads bancários menores na tomada de crédito.
“Esse recuo só deve começar a ser sentido a partir do segundo trimestre”, avalia o economista da MB Associados, Antônio Louro. Ele explica que a formação do spread leva em consideração outros fatores, que não apenas a taxa básica de juros, como, por exemplo, o prêmio de risco pago no exterior pelas instituições que concedem crédito aqui.
“Se a economia mantiver o ritmo de crescimento, haverá recuo do prêmio pago no exterior. Aí sim, os bancos começarão a reduzir seus spreads”, comenta o Louro.
Ele lembra que, em relação aos financiamentos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), um dos principais motores da economia, inclusive no agronegócio, a redução dos juros também deve demorar um pouco mais a acontecer.
“Em primeiro lugar, o BNDES está mais seletivo e exigente na concessão do crédito. Além disso, a nova taxa de referência do banco, a Taxa de Longo Prazo (TLP), estrá referenciada a NTN-B, emitida pelo Tesouro e que é corrigida pela inflação. Já a antiga taxa, a TJLP, ficava mais atrelada ao comportamento da Selic”, explica Antônio Louro.
Visão do setor produtivo
A Fiesp divulgou nota afirmando que, apesar de a Selic estar no menor nível de sua história, isso não é o bastante. Para a instituição, a inflação está baixa e sob controle, deixando espaço para reduções adicionais em 2018. “E é preciso que a queda dos juros chegue ao tomador final, para aumentar o consumo e o investimento, levando à geração de empregos”, defende a nota.
Ainda de acordo com a Fiesp, o Banco Central e o Ministério da Fazenda precisam agir para aumentar o crédito e reduzir o spread bancário, barateando a tomada de financiamentos.
Próximos meses
A maior parte do mercado aposta em novos cortes da Selic, inclusive na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a ser realizado em fevereiro. Alguns bancos de investimentos apostam que a taxa pode encerrar 2018 em 6,25%. A MB Associados aposta em 6,5%, mas há quem veja o caminho oposto.
O banco de investimento Morgan Stanley, por exemplo, é um dos que preveem alta do juro no fim do próximo ano. O economista para o Brasil do banco, Arthur Carvalho, argumenta em relatório que o País terá um ano “crítico” com a perspectiva de que a população escolha entre a continuidade da agenda reformista e um candidato populista.
Ele avalia que a inflação pode voltar a subir por conta da normalização dos preços dos alimentos. “Isso pode permitir ao BC manter juros estáveis por boa parte de 2018, começando a redução dos estímulos no fim de 2018 ou início de 2019”, prevê Carvalho, cujo cenário-base prevê Selic a 7,5% no fim do próximo ano.
Equipe SNA/Rio