Diante de um desempenho aquém do esperado nas liberações de crédito rural para investimentos nos primeiros meses da atual temporada (2017/18), o governo prepara mudanças nas regras do Plano Safra para melhorar as condições de financiamento do Moderfrota e do Moderinfra. A primeira linha é voltada à aquisição de máquinas agrícolas, enquanto a segunda tem foco em irrigação. Ambas contam com crédito subsidiado e estão com taxas de juros de 8,5% ao ano neste ciclo.
As mudanças deverão ser ratificadas na próxima reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), agendada para o fim deste mês. E representarão mais um movimento de recuo da equipe econômica do governo, que lançou em junho o Plano Safra com uma série de “apertos” para a concessão de crédito e começou a revisar regras dois meses depois diante dos apelos do setor.
Em negociação com o Ministério da Agricultura, o Tesouro já concordou em ampliar de 12 para 14 meses o prazo de carência do Moderfrota. Até a safra 2016/17, o prazo era de 18 meses. “Os financiamentos do Moderfrota realmente não estão fluindo bem em função da carência menor. Então, resolvemos pedir ao Tesouro que mude novamente o prazo”, disse Neri Geller, secretário de Política Agrícola do ministério.
Geller nega que a medida vá exigir gasto adicional do Tesouro com a equalização das taxas de juros e esclarece que a equipe econômica só aceitou mudar as regras pois a taxa básica de juros (Selic) e a inflação estão em queda. Nos quatro primeiros meses da safra 2017/18 (julho a outubro), o volume de crédito liberado pelos bancos no âmbito do Moderfrota somou R$ 2.7 bilhões, mesmo patamar do mesmo período do ciclo passado.
Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), as vendas de máquinas agrícolas no país voltaram a cair em outubro, para 3.900 unidades. Em relação a setembro, a queda foi de 10,3%; na comparação com outubro de 2016, chegou a 20,9%.
Ana Helena Correa de Andrade, vice-presidente da Anfavea, reforça que o aumento da carência foi um pedido que partiu do segmento para que o pagamento da primeira parcela do financiamento usado principalmente para a compra de colheitadeiras “casasse” com o período de colheita da safra.
“Como ficou, o produtor iria começar a pagar em novembro de 2018, quando a safra de grãos ainda está sendo plantada e ele está menos capitalizado”, afirmou Andrade. “Estamos tentando deixar as condições de mercado mais adequadas para o fim do ano, quando começam a aumentar as vendas”.
O CMN também deverá ampliar o limite de financiamento do Moderinfra, hoje em R$ 2.2 milhões por tomador, e estabelecer que parte do volume de recursos contratado por cada produtor possa ser usado para energia elétrica e captação de água.
Mas, ao contrário do Moderfrota, as liberações de crédito pelo Moderinfra, que também financia instalações para proteção de cultivos de olericultura, fruticultura, floricultura, cafeicultura e a produção de mudas de espécies floresta, quase dobraram entre julho a outubro, para R$ 140 milhões. Com a mudança, o Ministério da Agricultura entende que a procura por esses recursos podem deslanchar ainda mais.
Fonte: Valor Econômico