Em alta devido ao bom desempenho da produção, os estoques globais de suco de laranja brasileiro devem se normalizar em 2014. No primeiro semestre deste ano, o setor armazenou 766 mil toneladas do produto, o equivalente a 35 semanas de consumo. “Como a safra em andamento é menor, haverá menos fruta para processar e o mercado deve consumir o estoque atual. A projeção é que cheguemos a 450 mil toneladas”, explica o diretor-executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), Ibiapaba Netto.
Maior produtor e exportador de laranja no mundo, o setor de citricultura brasileiro está sendo prejudicado pela queda mundial de consumo do suco concentrado da fruta. De acordo com dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o volume exportado de suco de laranja no mês de julho registrou queda de 25,98%, ante ao mesmo período de 2012, ficando com 149,6 mil toneladas embarcadas.
Uma das explicações para o declínio do consumo nos principais países importadores do suco de laranja brasileiro está na entrada de bebidas concorrentes. “O lançamento de produtos como energéticos, multivitamínicos e águas saborizadas vem ganhando força, embora entre os sucos a laranja continue representando a maior participação”, assinala Ibiapaba Netto. “Nos últimos anos, tivemos duas grandes safras seguidas. A queda de demanda se combinou com o excesso de produto, gerando aumento expressivo dos estoques”, revela.
Um estudo divulgado pela CitrusBR mostra que os 40 principais importadores da bebida tiveram redução de 4,7% no consumo em relação ao último ano. Apenas a Alemanha, um dos principais mercados da bebida brasileira, registrou queda no consumo de 34% entre 2003 e 2012. Os números preocupam o setor, já que apenas 2% do suco de laranja nacional é absorvido pelo mercado interno.
Para o diretor da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) Helio Sirimarco, o escoamento da maior parte da produção para uma área específica torna o setor vulnerável. “No Brasil, temos o problema de destinar 70% da produção para a fabricação de sucos. Com isso, ficamos expostos à demanda, que pode oscilar, e dependentes do preço do mercado externo, definido pelos grandes fabricantes, que, de acordo com a oferta e a demanda, impõem preços muitas vezes abaixo do custo da produção” analisa.
Para escoar a produção e diminuir prejuízos, produtores estão voltando a atenção para o mercado interno, que vem apresentando crescimento de demanda no modelo in natura. “O consumo interno está crescendo. A tendência é que, com a queda nas exportações, o produtor se volte para o mercado brasileiro”, afirma Sirimarco.
Enquanto isso, a indústria de processamento se organiza para voltar aos patamares ideais, apostando principalmente na comunicação. “A citricultura brasileira está desenvolvendo um projeto de marketing internacional, visando estimular o consumo e lembrar o consumidor dos atributos da laranja”, adianta o diretor-executivo da CitrusBR. Os custos do projeto, ainda sem data de lançamento, estão sendo avaliados.
Por Equipe SNA/RJ