Depois de atravessar um 2017 pouco animador, os produtores nacionais de café renovam suas expectativas para a próxima safra. O setor amargou os efeitos da seca e de problemas climáticos ocorridos em 2014, o que, de acordo com estimativas do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), deve ocasionar um recuo de 8% a 9% no volume exportado este ano.
“Em 2014, a seca provocou redução nos volumes produzidos em regiões muito importantes para o setor como Minas Gerais e São Paulo. Estes reflexos foram sentidos em 15, 16 e mais fortemente em 2017 porque os estoques foram acabando”, explica o presidente do Cecafé, Nelson Carvalhaes.
No acumulado de janeiro a outubro, o Brasil já exportou mais de 24,7 milhões de sacas, o que representa uma queda de 10,7% na comparação com o mesmo período do ano passado. A receita cambial também seguiu o mesmo movimento, chegando a US$ 4,2 bilhões. Entre as variedades embarcadas, o café arábica respondeu por 87,8% do volume total de exportações (21.718.328 sacas), seguido pelo solúvel, com 11,3% (2.803.495 sacas), e robusta, com 0,8% (208.276 sacas).
O rescaldo do problema climático, no entanto, parece ter terminado. “Vemos sinais positivos para a safra 18/19. Estamos otimistas”, estima Carvalhaes, que evita fazer uma previsão numérica nesse momento.
De acordo com ele, somente em fevereiro será possível se ter uma visão melhor da próxima safra, que começa a ser colhida em abril. “As condições das fazendas estão muito boas e acredito que teremos uma excelente safra”, avalia ele, lembrando que o mercado mundial de café cresce cerca de 1,5% ao ano e que o Brasil responde por 30% a 33% do abastecimento do consumo global.
Nos nove primeiros meses de 2017, os Estados Unidos continuam na liderança do consumo do café brasileiro, com 19,9% de participação (4.937.274 sacas). Na sequência, surge a Alemanha, com 17,4% (4.302.580 sacas). O ranking ainda conta com Itália, com 9,3% (2.296.191 sacas), Japão, com 6,9% (1.714.302 sacas), e Bélgica, com 5,7% (1.413.896 sacas).
No período, Turquia e Rússia se destacam com crescimento nos embarques recebidos do Brasil, respectivamente de 26,9% (774.108 sacas) e 3% (817.861 sacas). “O mercado asiático é a nossa grande aposta para os próximos anos. O consumo do café ainda não é tão difundido, mas acreditamos que pode ocorrer algo parecido com o Japão, que não tinha esta tradição e hoje já é um grande consumidor”, pondera ele.
De janeiro a outubro de 2017, o preço médio do café foi de US$ 170,33, um crescimento de 10,7% na comparação com o mesmo período no ano passado, quando a média havia ficado em US$ 153,88.
Diferenciados
Os cafés diferenciados se apresentam como as vedetes do setor, crescendo mais de 10% ao ano. “Este tipo de café já responde por 15% a 16% do volume de cafés exportados pelo Brasil”, detalha o presidente da Cecafé.
Equipe SNA/Rio