Grande parte das inovações tecnológicas surge em momentos de necessidade. É o que ocorreu com o produtor, Luiz Ataíde Scatamburlo, proprietário do Sítio Água Limpa, de Santa Cruz do Rio Pardo, no interior de São Paulo, que identificou um problema, desenvolveu e patenteou uma recolhedora de fardos de feno, tecnologia inédita fabricada no Brasil.
O feno é muito utilizado em todo o País, principalmente em períodos secos ou no inverno, quando a pastagem não fornece alimentação farta e de qualidade. Para manter a produtividade, os pecuaristas e criadores utilizam, então, a forragem tanto para gado leiteiro quanto de corte.
A ideia de criar o equipamento surgiu em 2011, quando o agricultor, que cultiva 70 hectares, ou seja, em torno de 1,4 mil toneladas de feno por ano, percebeu que o processo de recolhimento e carregamento dos fardos da forragem era o grande gargalo de sua produção. Isso porque, os funcionários da fazenda reclamavam constantemente da dificuldade ao carregar os fardos no caminhão devido à altura.
O método utilizado até hoje para carregamento nas fazendas produtoras de feno no Brasil é por meio do garfo forca. O funcionário espeta o garfo no fardo e o arremessa para cima do caminhão. Porém, essa ferramenta ocasiona muito problema de saúde para quem está manipulando, como por exemplo, dores nas costas, pois cada fardo pesa em média 20 quilos.
“Tínhamos uma dificuldade grande em recolher os fardos, as máquinas que existem hoje à disposição no mercado são muito caras e inviabilizam a produção, pois não são acessíveis ao pequeno e médio produtor. Foi quando resolvi desenvolver um equipamento que solucionasse este problema”, diz Scatamburlo.
CARACTERÍSTICAS
A recolhedora de fardos de feno é composta por uma esteira vertical que acompanha a altura do caminhão. Formado por correntes reforçadas, o equipamento faz o recolhimento do fardo de forma automática e carrega o produto até a carroceria do veículo.
A tecnologia tem sido testada exaustivamente nos últimos seis anos e tem demonstrado grande eficiência. De acordo com o criador da ferramenta, o produto tem várias vantagens.
“Não compacta o solo e ainda proporciona maior agilidade no trabalho, pois os produtos ficam menos tempo expostos a chuva, sem desgastar a equipe da fazenda, proporcionando mais segurança e conforto” afirma.
Quando o assunto é economia, no entanto, a recolhedora de fardos mostra-se ainda eficiente, pois otimiza a mão de obra e o tempo de carregamento no caminhão.
“Hoje, economizo metade do tempo para carregar, em menos de uma hora com este equipamento, carregamos uma carreta utilizando apenas três funcionários, antigamente era necessário no mínimo seis pessoas para fazer o mesmo serviço. É um equipamento que rapidamente se paga e por isso chegou a hora de colocar essa tecnologia a disposição de todos os produtores”, diz Scatamburlo.
“PROFESSOR PARDAL DO FENO”
As ideias de Scatamburlo não param por aí, além da recolhedora de fardos de feno, ele desenvolveu também e já entrou com pedido de patente para a enfileiradeira de fardo, um equipamento criado para complementar e dar ainda mais agilidade e economia.
“A enfileiradeira organiza os fardos para na sequência a recolhedora fazer o carregamento dos fardos. Juntos, os equipamentos proporcionam uma redução de mão de obra ainda maior. Com apenas uma pessoa a máquina faz a fileira de fenos para a esteira recolher”, afirma.
Agora, para tornar as tecnologias acessíveis aos produtores do Brasil inteiro, o produtor busca parceria com indústrias e fabricantes de máquinas do setor para produzir os equipamentos em larga escala.
“Nossas soluções já comprovaram que podem gerar grandes benefícios aos produtores de feno num valor acessível. De acordo com nossos estudos, seria possível produzir esse equipamento a um custo que se encaixaria em financiamentos do governo, como por exemplo, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf)”, destaca Scatamburlo.