O seminário Sem Desperdício – Diálogos Brasil e União Europeia, promovido ontem (31/10) no Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR), debateu a questão do desperdício de alimentos no país e estratégias para combater o problema.
Coordenador do projeto Sem Desperdício, Gustavo Porpino disse que é preciso avançar com a legislação brasileira sobre o tema e envolver todos os atores do final da cadeia alimentar, incluindo principalmente a indústria de alimentos, o setor de embalagens e o varejo. Estes segmentos, segundo Porpino, devem ser conscientizados sobre a importância do engajamento.
O evento foi promovido pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a WWF-Brasil.
De acordo com o coordenador do projeto Sem Desperdício, que é técnico da Embrapa, existem atualmente 29 projetos de lei relacionados à redução de perdas e desperdício de alimentos tramitando no Congresso Nacional. “O mais antigo deles está em tramitação há 19 anos”, disse. No entanto, parte dos projetos está defasada.
Um dos objetivos da iniciativa é buscar, por meio da união dos diversos elos da cadeia, e em parceria com a União Europeia, dar mais visibilidade ao tema, mobilizar a sociedade e, com isso, “destravar” a tramitação dos projetos que tem mais potencial.
“É importante aprovar projetos de lei que contribuam para o bem-estar social, para o consumidor de alimentos, mas que também não penalizem o varejo ou a indústria de alimentos”, disse Porpino.
Perfil de consumo
Além da importância de conscientizar o consumidor e a cadeia produtiva sobre o problema, outro gargalo é a inexistência de números confiáveis sobre perdas e desperdício no Brasil. No escopo da parceria com a União Europeia será feito um estudo quantitativo para mensurar quais são os alimentos mais desperdiçados pelas famílias brasileiras.
Porpino disse que a situação do Brasil em relação ao desperdício de alimentos é peculiar. Em geral, nos países em desenvolvimento, o problema está muito situado no início da cadeia, nas fases de produção de alimentos e pós-colheita, e também no escoamento da safra devido a problemas de infraestrutura.
Embora o Brasil também enfrente esses problemas, o hábito de consumo das famílias se assemelha mais ao dos países ricos, causando ainda mais desperdício.
Tecnologia
Uma das frentes para combater o problema do desperdício é o investimento em tecnologia, como a produção de embalagens que aumentem a vida útil dos alimentos.
A Embrapa tem uma linha de pesquisa em nanotecnologia que desenvolveu películas para revestimento de frutas. Entre elas, citou o caso de um revestimento para exportação de cocos in natura que é feito a partir da quitosana, extraída da casca do caranguejo.
“Esse revestimento mais do que duplica a vida útil do coco exportado e também pode ser aplicado em outras frutas”. Porpino disse que esse mesmo revestimento pode ser usado para aumento da vida útil das frutas expostas no varejo nacional.
Fonte: Agência Brasil