Com chuvas muito abaixo da média, o plantio da soja pouco avançou em Goiás no mês de outubro. A Associação dos Produtores de Soja e Milho no Estado (Aprosoja-GO) calcula que a área já plantada não passa de 10% neste primeiro mês de semeadura. Em outubro de 2016, quando as chuvas chegaram mais cedo e foram regulares, os produtores conseguiram plantar cerca de 25% da área total.
Como a maioria das cultivares de soja recomendadas para Goiás têm ciclo de 105 a 115 dias, esse atraso afeta automaticamente a segunda safra, que tem a produção de milho como carro-chefe e janela ideal de plantio terminando em fevereiro. Segundo o presidente da Aprosoja-GO, Bartolomeu Braz Pereira, esse prazo apertado entre a safra de soja e a safrinha de milho pode ter reflexos em toda a cadeia produtiva.
“Estamos diminuindo a área de milho no verão e teremos uma safrinha comprometida, porque mesmo sendo plantada, ela terá uma produtividade menor. Isso preocupa bastante nesse momento não só os produtores rurais, mas os consumidores também, já que poderemos ter uma reviravolta (para cima) nos preços do milho devido a esta situação”, disse Pereira.
Esse cenário exige muita cautela e a Aprosoja-GO recomenda ao produtor que faça primeiro o plantio da soja para depois replanejar sua safrinha. De Jataí (município que está entre os maiores produtores de milho em Goiás), Eliézer Goulart relata que já havia feito os pedidos de sementes, mas agora vai ter de reavaliar sua safrinha de milho. Diante das incertezas, ele está focado nos 80% da soja que ainda precisa plantar.
“Particularmente, a gente está pensando que primeiro temos de plantar bem essa soja. Temos de voltar ao nosso objetivo em obter retorno (financeiro) nessa primeira safra. Não adianta a gente plantar pensando lá na frente, até porque a safrinha está até nos prejudicando do jeito que estão os custos de produção de milho”, afirmou Goulart.
O produtor Joel Ragagnin disse que esse atraso grande no plantio de soja está sendo quase inédito em Jataí. Nos anos anteriores, os trabalhos de semeadura em suas lavouras terminaram na primeira semana de novembro. Agora, a situação está tão crítica que, se chover nos próximos dias, o produtor praticamente vai começar o plantio quando estaria terminando. Isso porque ele conseguiu plantar somente 5% de sua soja em outubro.
Joel até já calcula uma redução de 30% a 40% na área de milho safrinha que havia planejado para 2018, descartando inicialmente áreas marginais, mais arenosas, que têm cascalho e apresentam risco maior para a produção do milho safrinha. E é certo que vai usar menos tecnologia nessas lavouras.
“Nós já estamos planejando uma redução de 20% a 30% no uso de insumos, uma quantidade menor de fertilizantes, sementes, em virtude do plantio em nossa região que deve ser realizado no final de fevereiro e, em algumas áreas, podendo arriscar até o início de março”, afirmou o produtor. “Obviamente, nós vamos ter de reduzir a tecnologia em função do risco que é a safrinha semeada nessas épocas.”
Culturas alternativas na safrinha
Como a janela da safrinha de milho está comprometida, a Aprosoja-GO recomenda a busca por culturas alternativas, que podem ter menor custo de produção, preços de venda relativamente atrativos ou ainda proporcionar melhorias ao solo.
“Temos várias alternativas: sorgo, que já é comum; a rotação com braquiária, que é o mais recomendado, pois melhora a estrutura do solo; feijão caupi, girassol. São várias alternativas dependendo da época que o produtor vai iniciar sua colheita de soja”, disse o presidente da Aprosoja-GO, Bartolomeu Pereira.
Enquanto a janela ideal de plantio do milho termina em fevereiro, a semeadura dessas culturas alternativas costuma se estender até meados de março. Cabe ao produtor avaliar e escolher a melhor opção para a safrinha em sua propriedade.
Fonte: Aprosoja-GO