Brasil ainda afeta vendas de múltis de insumos

O nível de estoques de defensivos da Bayer nos canais de distribuição brasileiros, que estava muito acima da média no primeiro semestre, começou a voltar ao normal. A informação foi divulgada por executivos da multinacional alemã durante apresentação, na quinta-feira (26/10), dos resultados globais do terceiro trimestre.

No período, a receita da divisão agrícola da companhia na América Latina, que é liderada pelo Brasil, alcançou € 740 milhões, ainda 5,1% menos de julho a setembro de 2016. Mas no segundo trimestre as vendas foram negativas em € 69 milhões, como resultado de provisões realizadas devido à expectativa de devolução de produtos parados nas distribuidoras ou com validade eventualmente vencida.

Segundo Liam Condon, presidente do braço agrícola da Bayer, no terceiro trimestre, os distribuidores brasileiros tinham a opção de devolver produtos da empresa parados em estoque, mas também podiam negociar novos termos de pagamento. Com isso, parte da provisão destinada às devoluções não foi usada.

“Pegamos de volta menos produtos, o que mostra que os distribuidores estão confiantes em conseguir colocá-los no campo”, afirmou, durante teleconferência com analistas.

O efeito negativo da renegociação com os distribuidores foi a redução de preços. A relação entre dólar e real foi atualizada e, assim, o valor dos produtos foi ajustado para baixo. Quando parte deles foi comprada pelas revendas, o dólar estava mais valorizado. Assim, no terceiro trimestre a divisão agrícola da Bayer registrou queda do preço médio global de venda de seus produtos de 4,4%.

Mas ainda há problemas no horizonte. Segundo estimativa da consultoria Allier Brasil, o ano começou com estoques de defensivos avaliados em US$ 1.4 bilhão no Brasil. Nos cálculos da LSP Consultoria, 45% do volume de agrotóxicos vendidos no ano passado pelas indústrias no mercado doméstico parou nos distribuidores. Para Ricardo Rodrigues, da LSP, a situação só vai se normalizar em 2019.

A também alemã Basf divulgou, nesta semana, que as vendas globais de sua divisão agrícola caíram 6% no terceiro trimestre de 2017, para € 987 milhões. E que queda foi provocada principalmente pela redução de preços e volumes negociados no Brasil.

Hans-Ulrich Engel, diretor financeiro da companhia, disse em teleconferência com analistas, que efeitos cambiais adversos colocaram pressão adicional nas vendas e que a retração no lucro antes de juros e impostos (Ebit, na sigla em inglês) antes de itens especiais, de € 97 milhões para € 21 milhões, também refletiu problemas no país.

Se os defensivos têm gerado perdas para as multinacionais, as sementes, em contrapartida, têm sido motivo de comemoração. A área de sementes da Bayer registrou receita líquida 25% maior no terceiro trimestre do ano (€ 190 milhões), enquanto nos defensivos houve baixa de 3,8% ante o mesmo período de 2016, para € 1.692 bilhão.

Já a americana Monsanto, líder mundial em sementes, reportou receita líquida de US$ 2.7 bilhões em seu último trimestre fiscal de 2017 (julho a setembro), um aumento de 4,8% em relação a igual período de 2016. Em todo o exercício, a companhia registrou vendas de US$ 14.6 bilhões, alta de 8,4%.

 

Fonte: Valor Econômico

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