O feijão é um dos alimentos básicos do povo brasileiro e de grande parte da América Latina. Apresenta fundamental importância, devido ao fato de ser fonte acessível de proteínas, com elevado valor energético. A sua comercialização é instável e os riscos climáticos atrelados à cultura dificultam a maior adesão de agricultores, em todo o país (Conab 2013).
Uma das alternativas para aumentar a estabilidade da sua comercialização é a agregação de valor ao grão, que pode ser alcançada com a utilização do Abstractresum – sistema de produção orgânico. A procura por feijão produzido organicamente tem aumentado, mesmo com preços de venda do produto cerca de 30% a 40 % superiores ao do feijão cultivado de forma convencional (Santos 2011).
Darolt (2000) verificou que os principais entraves para a produção orgânica estão relacionados à falta de crédito específico para produtores, dificuldades para a comercialização da produção e falta de experiência e informação técnica.
Os principais limitantes à sustentabilidade no cultivo do feijoeiro comum, em sistemas orgânicos e convencionais, incluem o manejo do solo e do fertilizante, principalmente no que diz respeito à má distribuição de nutrientes no perfil do solo, bem como ao desequilíbrio entre os mesmos (Aidar & Kluthcouski 2009).
Os fertilizantes orgânicos apresentam composição variável conforme sua origem, teor de umidade e processamento, antes de sua aplicação. A mineralização de nutrientes como o nitrogênio (N) e o fósforo (P), no solo, depende, principalmente, da relação carbono/nitrogênio (C/N) do material orgânico.
Compostos com relação C/N inferior a 25 e C/P inferior a 200 liberam a maior parte do N e do P no primeiro ano da aplicação. Em geral, produtos de origem animal sofrem um processo de mineralização mais acelerado do que produtos de origem vegetal, quando submetidos às mesmas condições de temperatura ambiente e umidade no solo.
No sistema orgânico de produção para a fertilização dos solos são usados adubos verdes, restos de colheitas, tortas e farinhas de vegetais fermentados, compostos orgânicos bioestabilizados, resíduos industriais e agroindustriais isentos de agentes químicos ou biológicos com potencial poluente e de contaminação, fosfatos naturais e semisolubilizados, farinhas de ossos, termofosfatos, escórias e rochas minerais moídas, como fonte de cálcio, magnésio, fósforo, potássio e micronutrientes (sempre de baixa solubilidade).
Não há registros de uso de compostos orgânicos elaborados com resíduos de frigorífico, no solo. Esses adubos são elaborados a partir de capim do rúmen, sangue e couro de bovinos de corte. O processo de fabricação é realizado a céu aberto, com o auxílio de micro-organismos que aceleram a degradação do material orgânico, transformando-o em adubo orgânico.
Alguns estudos têm evidenciado a viabilidade do uso de fertilizantes orgânicos em sistemas de produção orgânica e aumento de produtividade em feijão caupi (Cavalcante et al. 2009, Melo et al. 2009, Pereira et al. 2013), feijão de vagem (Alves et al. 2000) e feijoeiro comum (Pereira et al. 2011).Experimentos conduzidos por Carvalho & Wanderley (2007), no Distrito Federal, mostraram que o feijão orgânico tem produtividade comparável à do feijão cultivado sob sistema convencional.
Padovan et al. (2007) avaliaram doze cultivares, na região de Dourados (MS), mostrando a viabilidade do sistema orgânico de produção de feijão. Uma das finalidades de um sistema orgânico é a reciclagem de resíduos de origem orgânica, reduzindo, ao mínimo, o emprego de recursos não renováveis. A adubação orgânica é a forma mais importante de reconstruir, de maneira física, química e biológica, os solos, principalmente quando apresentam baixo teor de matéria orgânica.
Existem várias vantagens no uso de adubos orgânicos, como a melhoria na estrutura do solo, ativação microbiológica, aumentos nos teores de matéria orgânica e na resistência das plantas ao ataque de pragas e doenças, retenção de cátions (Ca, Mg e K) e efeito de proteção da umidade do solo.
Assim, a adoção de técnicas de cultivo que possibilitem melhorar o manejo da cultura do feijão, em sistema orgânico, em condições favoráveis ao desenvolvimento das plantas, pode ser de suma importância para o aumento da produtividade e qualidade de grãos.
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Fonte: UFG