O Rio Grande do Sul, estado que representa mais de 70% da produção brasileira de arroz, entrou o mês de outubro com a menor área cultivada dos últimos tempos. Até o último domingo foram semeados cerca de 30.000 hectares, o equivalente a 2,7% da intenção de plantio identificada em julho, de 1.078 milhão de hectares, que já tinha previsão de não se concretizar.
Além das causas que já eram previstas, como a falta de acesso ao crédito de aproximadamente dois terços dos produtores e os baixos preços de comercialização, atualmente abaixo de R$ 37,00 por saca de 50 quilos, em casca, no Estado, o clima também está atrapalhando. A ocorrência de chuvas semanalmente não tem ajudado na evolução do plantio. Há um ano, a Fronteira Oeste já estava com quase 50% da área semeada. A expectativa é de que entre 15% e 20% da área gaúcha já estivesse semeada nesta época.
No início de setembro foi a falta de umidade no solo, mas na reta final do mês as chuvas passaram a atrapalhar a semeadura, exceto nas regiões que adotam o sistema pré-germinado. Depois do temporal que causou danos em outras culturas no Rio Grande do Sul no último domingo, a expectativa é de que a partir da próxima sexta-feira as chuvas retornem ao estado e perdurem até meados da próxima semana, o que não é uma boa notícia.
A área plantada
A área de terras de arroz que já recebeu sementes corresponde à metade da temporada 2014/15 e a apenas 20% da temporada 2015/16, quando houve o fenômeno El Niño de maior intensidade afetando o ciclo da cultura. “Trata-se de um dos menores, se não o menor, números dos últimos 50 anos da lavoura de arroz. O atraso nas operações, em geral, costumam trazer menor produtividade às lavouras”, disse o pesquisador Rodrigo Schoenfeld, do Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA).
Vale lembrar que cerca de 50% das lavouras gaúchas utilizam a variedade IRGA 424 e a IRGA 424 RI, que são de ciclo médio. E isso deve trazer um impacto ainda maior. A expectativa dos meteorologistas é de que esta temporada fique entre um fenômeno La Niña de fraca intensidade a um clima neutro. No entanto, a previsão para outubro é de chuvas acima da média, enquanto a partir de janeiro deve se iniciar um ciclo de estiagem.
A época ideal de cultivo varia dentre as seis regiões arrozeiras gaúchas e suas micrroregiões, mas em geral ficam entre 15 de setembro e 30 de outubro. O atraso nas operações relacionadas ao arroz também pode impactar o cultivo da soja de várzea.
Fonte: Planeta Arroz