Preço do leite ao produtor tem nova queda

Pelo terceiro mês seguido, os preços médios do leite para o produtor recuaram no Brasil. E o ritmo de queda se intensificou no pagamento de agosto, como já havia ocorrido no mês anterior, segundo levantamento da Scot Consultoria. O produtor recebeu neste mês, em média, R$ 1,127 pelo litro do leite entregue aos laticínios em julho, com recuo mensal de 2,45%.

Novamente, a maior oferta de leite para processamento pelas empresas e a demanda ainda débil pressionaram os valores pagos aos produtores do país.

A produção de leite está em alta, apesar da estiagem em regiões de produção de Minas Gerais, Goiás e São Paulo, em função dos grãos mais baratos, o que estimula o investimento na alimentação do gado leiteiro, disse Rafael Ribeiro, analista da Scot.

Assim, mesmo com o clima “típico de entressafra”, a oferta de leite continua a aumentar. Segundo o Índice Scot de Captação de Leite, a captação da matéria-prima, na média nacional, teve alta de 3,1% em julho sobre junho, e dados parciais indicam avanço de mais 1,9% em agosto sobre julho. Em comparação com agosto de 2016, o aumento é de 3,6%, de acordo com a Scot.

O levantamento da Scot mostra que os preços do leite longa vida no atacado e no varejo também continuam pressionados em função da demanda fraca no país. “A demanda está ruim, por isso o varejo está fazendo promoções (de longa vida), o que acaba sendo repassado para o produtor de leite”, disse o analista.

Segundo a Scot, o preço do leite longa vida no atacado paulista caiu R$ 0,08 em agosto, para R$ 2,32 por litro. No varejo, o litro saiu de R$ 3,10 em julho para R$ 2,96 em média, este mês.

Dados da MilkPoint Mercado vão na mesma direção. Segundo a consultoria especializada em lácteos, o valor médio do longa vida no atacado paulista ficou em R$ 1,94 por litro de agosto, contra uma média de R$ 2,78 em agosto do ano passado, considerando valores já deflacionados pelo IGP-DI.

Na avaliação do analista da Scot, Rafael Ribeiro, tanto os preços ao produtor quanto no varejo devem seguir em queda até pelo menos outubro. A razão é que se espera a volta das chuvas a partir de setembro, o que deve melhorar as pastagens, garantido alimento para o rebanho.

Além disso, a demanda deve continuar patinando, disse o analista. “O poder de compra do consumidor está menor”, disse Ribeiro. Diante disso, há formação de estoques de lácteos no mercado brasileiro.

Segundo pesquisa mensal da Scot com 156 laticínios, a expectativa é de nova retração das cotações ao produtor no pagamento de setembro para 64% dos entrevistados. Uma fatia de 33% acredita em manutenção e apenas 3% esperam alta. Essa minoria está na região Nordeste, onde a produção tende a cair com o período de seca.

 

Fonte: Valor Econômico

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