A supersafra russa de trigo tem afetado todos os mercados, com o Conselho Mundial de Grãos prevendo que os russos podem chegar a exportar 90 milhões de toneladas de grãos em geral, pela primeira vez. A dúvida não está mais no tamanho da safra, e sim na capacidade russa de escoar os seus produtos, que é limitada.
Segundo a consultoria Trigo & Farinhas, na América Latina a safra russa não influencia diretamente, mas indiretamente, via Argentina. Com uma produção estimada em 17.5 milhões de toneladas e um consumo ao redor de 6.5 milhões de toneladas, o excedente argentino é muito grande, com cerca de 11 milhões de toneladas, dos quais deverá exportar algo ao redor de oito ou nove milhões de toneladas.
Destas, o Brasil deverá comprar, segundo estimativa da T&F, cerca de 5.5 milhões de toneladas, podendo chegar eventualmente a seis milhões de toneladas, sobrando entre dois a três milhões que a Argentina terá de colocar no mercado internacional.
É aí que entra a Rússia. Com supersafra, a tendência é que o país ofereça preços mais baixos para poder colocar todo o seu produto no mercado internacional, pressionando os preços argentinos de exportação que, por sua vez, deverão pressionar os preços internos no Brasil.
Para se ter uma ideia, somente neste mês de agosto, os preços FOB Stowed do trigo argentino com 12% de proteína já caíram 6,32%, passando de US$ 190,00 para US$ 178,00 a tonelada no Up River, mas, com tendência de alta quando 2018 chegar (porque os rios russos congelam, reduzindo drasticamente os seus embarques, o que valoriza o trigo dos EUA e da Argentina): US$ 179,00 para janeiro, US$ 181,00 para fevereiro e US$ 185,00 para fevereiro.
Mercosul
A principal notícia essa semana para o Mercosul é a chuva. As precipitações estão prejudicando algumas áreas em todos os países produtores. A Argentina foi a mais afetada, com uma redução de 80 mil hectares, além dos 150 mil hectares já constatados anteriormente. Os 230 mil hectares que a chuva afetou representa uma redução de 4,18% do total estimado para essa safra.
Mesmo assim, os argentinos aumentaram a sua safra em 4,9% em relação a do ano passado, faltando apenas 13 mil hectares para serem plantados, que estão esperando melhores condições climáticas. O Paraguai também está apreensivo com as chuvas que faltaram por um longo período em suas lavouras e que agora aparecem perto da hora da colheita.
Fonte: Agrolink