A reportagem abaixo (de 2014) continua bastante atual em relação às vantagens, desvantagens e gargalos de sistemas de irrigação no campo. Confira, inclusive, algumas dicas!
O interesse pela irrigação, no Brasil, emerge nas mais variadas condições de clima, solo, cultura e socioeconomia. Não existe um sistema de irrigação ideal, capaz de atender satisfatoriamente a todas essas condições e aos interesses envolvidos. Em consequência, deve-se selecionar o sistema de irrigação mais adequado para certa condição e para atender aos objetivos desejados.
O processo de seleção requer análise detalhada das condições apresentadas (cultura, solo e topografia), em função das exigências de cada sistema de irrigação, permitindo a identificação das melhores alternativas.
Com a expansão rápida da agricultura irrigada no Brasil, muitos problemas têm surgido, por causa do desconhecimento das diversas alternativas de sistemas de irrigação, conduzindo a uma seleção inadequada do melhor sistema para uma determinada condição.
Esse problema tem causado o insucesso de muitos empreendimentos, com consequente frustração de agricultores com a irrigação e, muitas vezes, degradação dos recursos naturais.
PRINCIPAIS MÉTODOS E SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO
Método de irrigação é a forma pela qual a água pode ser aplicada às culturas. Basicamente, são quatro os métodos de irrigação: superfície, aspersão, localizada e sub-irrigação. Para cada método, há dois ou mais sistemas de irrigação, que podem ser empregados.
A razão pela qual há muitos tipos de sistemas de irrigação é a grande variação de solo, clima, culturas, disponibilidade de energia e condições socioeconômicas para as quais o sistema de irrigação deve ser adaptado.
IRRIGAÇÃO POR SUPERFÍCIE
No método de irrigação por superfície, a distribuição da água se dá por gravidade através da superfície do solo. As principais vantagens do método de superfície são:
* menor custo fixo e operacional;
* requer equipamentos simples;
* não sofre efeito de vento;
* menor consumo de energia quando comparado com aspersão;
* não interfere nos tratos culturais;
* permite a utilização de água com sólidos em suspensão.
As principais limitações são:
* dependência de condições topográficas;
* requer sistematização do terreno;
* o dimensionamento envolve ensaios de campo o manejo das irrigações é mais complexo;
* requer frequentes reavaliações de campo para assegurar bom desempenho;
* se mal planejado e mal manejado, pode apresentar baixa eficiência de distribuição de água;
* desperta pequeno interesse comercial, em função de utilizar poucos equipamentos.
Um dos sistemas de irrigação por superfície mais apropriados é o de sulcos, os quais são localizados entre as fileiras de plantas, podendo ser um sulco para cada fileira ou um sulco para duas fileiras.
Nos terrenos com declividade de até 0,1%, os sulcos podem ser em nível ou com pequena declividade. Para declividades de até 15%, os sulcos podem ser construídos em contorno ou em declive, o que permite lances de sulcos com comprimento maior.
IRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO
No método da aspersão, jatos de água lançados ao ar caem sobre a cultura na forma de chuva. As principais vantagens dos sistemas de irrigação por aspersão são:
* facilidade de adaptação às diversas condições de solo e topografia;
* apresenta potencialmente maior eficiência de distribuição de água, quando comparado * com o método de superfície;
* pode ser totalmente automatizado;
* pode ser transportado para outras áreas;
* as tubulações podem ser desmontadas e removidas da área, o que facilita o tráfego de máquinas.
As principais limitações são:
* custos de instalação e operação são mais elevados que os do método por superfície;
* pode sofrer influência das condições climáticas, como vento e umidade relativa;
* a irrigação com água salina, ou sujeita a precipitação de sedimentos, pode reduzir a vida útil do equipamento e causar danos a algumas culturas;
* pode favorecer o aparecimento de doenças em algumas culturas e interferir com tratamentos fitossanitários;
* pode favorecer a disseminação de doenças cujo veículo é a água.
Entre os sistemas mais usados de irrigação por aspersão estão: aspersão convencional, autopropelido, pivô central, deslocamento linear, LEPA (low energy precision application).
IRRIGAÇÃO LOCALIZADA
No método da irrigação localizada, a água é, em geral, aplicada em apenas uma fração do sistema radicular das plantas, empregando-se emissores pontuais (gotejadores), lineares (tubo poroso ou “tripa”) ou superficiais (microaspersores).
A proporção da área molhada varia de 20% a 80% da área total, o que pode resultar em economia de água. O teor de umidade do solo pode ser mantido alto, através de irrigações frequentes e em pequenas quantidades, beneficiando culturas que respondem a essa condição, como é o caso da produção de milho verde, por exemplo.
O custo inicial é relativamente alto, tanto mais alto quanto menor for o espaçamento entre linhas laterais, sendo recomendado para situações especiais como pesquisa e produção de sementes e de milho verde. É um método que permite automação total, o que requer menor emprego de mão de obra na operação.
Os principais sistemas de irrigação localizada são o gotejamento, a microaspersão e o gotejamento subsuperficial.
Continue lendo a reportagem “Irrigação: água para a agricultura” na edição nº 704/2014 da revista A Lavoura – páginas 10 a 18.
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Por equipe de redação d’A Lavoura