Cresce número de feiras e mercados especializados em alimentos orgânicos premium

Feira do Junta Local, no Rio: grupo comercializa alimentos orgânicos e premium de pequenos produtores e organiza eventos pontuais – os chamados circuitos curtos de produção –, que valorizam a produção regional. Foto: Divulgação

Feiras e mercados especializados em alimentos saudáveis, que comercializam produtos diferenciados – entre eles, os chamados premium, que incluem os orgânicos –, vêm ganhando cada vez mais espaço e conquistando novos consumidores preocupados em comprar produtos menos industrializados, isentos de aditivos químicos e com mais sabor e qualidade.

A recessão brasileira e o desemprego, principalmente da população mais jovem, por outro lado, estão servindo de incentivo para que novos empreendedores invistam em pequenos negócios, com destaque para a alimentação.

“O crescimento das feiras livres, que comercializam alimentos orgânicos e premium, com opções de gastronomia, artesanato e música, representa uma volta ao passado, onde eram comuns a troca de mercadorias e o contato mais dinâmico entre as pessoas”, observa Sylvia Wachsner, coordenadora do Centro de Inteligência em Orgânicos (CI Orgânicos) da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).

Segundo ela, “hoje, há espaços alternativos que permitem o compartilhamento de valores de alimentação e saúde entre produtores e consumidores, característica que não vemos nos supermercados”.

Sylvia ainda avalia que “as feiras livres são espaços de trocas entre os que produzem e os que consomem, e espaços comunitários de contatos pessoais”.

 

OPORTUNIDADES

Nesses lugares, os alimentos premium, ou seja, produtos orgânicos ou convencionais que estão na contramão dos alimentos superindustrializados, abrem oportunidades para pequenos produtores e empreendedores.

“São produtos inovadores, com qualidades e características não encontradas nas grandes marcas. Abrem espaço para a criatividade e a inovação. Representa sair da mesmice e permitir que os consumidores conheçam alimentos diferenciados”, afirma a coordenadora do CI Orgânicos.

Sylvia admite que essa nova categoria está crescendo no Brasil, garantindo mais transparência na forma de processamento, além de incluir características, ingredientes e embalagens que contrastam com os produtos das prateleiras dos grandes supermercados.

“Os alimentos premium podem criar atributos positivos às marcas e apresentar novas marcas aos consumidores”, diz a especialista.

No Rio de Janeiro, diversos tipos de alimentos premium já foram apresentados em eventos alternativos e, aos poucos, são encontrados em lojas especializadas.

 

“É preciso lembrar que são os agricultores familiares que fornecem alimentos para a merenda escolar, por meio de ações como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)”, ressalta a coordenadora do CI Orgânicos/SNA, Sylvia Wachsner. Foto: Arquivo SNA

NO SHOPPING

Outra tendência observada no setor de alimentos saudáveis é a expansão das feiras de orgânicos em shoppings. A princípio, começaram de maneira tímida no Rio de Janeiro e em São Paulo, mas atualmente são realizadas em dias fixos e em diversos shoppings das duas cidades.

A coordenadora do CI Orgânicos considera essa tendência “um ganha-ganha para as partes envolvidas”. “Os shoppings contam com um maior número de pessoas circulando, e os feirantes atraem consumidores que possivelmente não conhecem seus produtos, nem suas marcas ou não costumam frequentar feiras municipais.”

 

MERCADOS ALTERNATIVOS

Eventos que reúnem vendas de produtos com gastronomia também servem de plataforma para a divulgação da alimentação saudável e de novos alimentos entre os consumidores mais antenados. Além disso, permitem que os produtores e suas marcas possam desenvolver suas estratégias de mercado.

No Rio, a Junta Local tem o propósito de unir quem come e quem faz, criando uma comunidade mais democrática.  O grupo comercializa alimentos orgânicos e premium de pequenos produtores e organiza eventos pontuais, que valorizam a produção local, conhecidos como circuitos curtos de produção. A iniciativa constitui o primeiro passo para muitos produtores e agroindústrias.

“Tratam-se de mercados alternativos para pequenos produtores, que apresentam novos produtos e marcas. Isso permite testar tanto os produtos como as impressões dos consumidores. Se a aceitação do público for boa, esses produtores podem se lançar em um mercado maior, ou seja, poderão dar um segundo passo, que levará à comercialização em redes varejistas especializadas em alimentos saudáveis”, explica Sylvia.

 

Por equipe SNA/RJ

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