Comparativamente ao incremento de 20% observado nos últimos 10 anos, a expansão na produção de carnes do próximo decêndio (2017/2026) será bem mais limitada: não mais que 13%, nas projeções do relatório conjunto que acaba de ser divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e Agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
Porém, se consideradas apenas as três principais carnes, bovina, suína e avícola (aqui, preponderantemente, carne de frango), o índice de evolução será ainda menor, de pouco mais de 12%. O lado positivo disso é que a expansão será puxada pelas carnes avícolas, cujo incremento está sendo estimado em 15,6%, o que, mesmo assim, corresponde a um baixo crescimento anual: cerca de 1,5%.
Conforme o relatório, a maior parte do aumento previsto deve ocorrer nos países em desenvolvimento e graças à utilização mais intensiva de rações balanceadas – processo facilitado pela perspectiva de uma crescente disponibilidade e baixos preços das principais matérias-primas destinadas à alimentação animal.
Justificando o fato de as carnes avícolas liderarem a expansão do setor, o relatório observa que essa é a resposta a uma demanda global crescente “por uma proteína animal mais acessível que as carnes vermelhas”. E completa: “O menor custo de produção e o melhor preço (para o consumidor) contribuíram para tornar as carnes avícolas o produto preferencial de produtores e consumidores nos países em desenvolvimento”.
Em termos globais, o consumo de carnes tende a permanecer estagnado em torno dos 34 kg per capita. Assim, deve chegar a 2026 girando em torno dos 34,6 kg, o que, comparativamente aos 34,1 kg do triênio base (2014/16), significa incremento inferior a meio por cento ao ano.
Embora os índices sejam baixos, são as carnes avícolas, novamente, que puxam o consumo per capita, em detrimento das carnes bovina e suína. Além disso, o aumento de demanda deve ficar concentrado nos países em desenvolvimento, onde continua ocorrendo maior crescimento populacional e intensa urbanização. O índice de incremento de consumo nos países desenvolvidos tende a corresponder a apenas um quinto do observado nos países em fase de desenvolvimento.
Ainda globalmente, a evolução e a dinâmica do comércio de carnes permanecem dependentes dos surtos de doenças animais e das políticas comerciais de cada país. Mas a efetivação de novos acordos multinacionais de livre comércio pode alterar o comportamento do mercado.
Entre outros possíveis fatores capazes de ocasionar a modificação das atuais projeções estão as preferências do consumidor em relação a uma ou outra carne e a intensificação dos movimentos contra o consumo de carnes.
No tocante ainda às preferências, os consumidores vêm revelando crescente opção pelas carnes provenientes de animais criados livremente, em condições naturais, e, sobretudo, sem o uso de antibióticos. Mas ainda não está claro se estarão dispostos e terão condições de pagar o custo adicional daí decorrente.
Fonte: AviSite