Do campo às empresas rurais, “as mulheres são imprescindíveis em todas as atividades ligadas à agropecuária e ao agronegócio, tanto no Brasil como no mundo todo”. A afirmação é do ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, embaixador especial para o Cooperativismo Mundial da Organização das Nações Unidos para a Agricultura e a Alimentação (FAO).
Sua declaração reforça o discurso de José Graziano, diretor-geral da organização internacional, de que o papel da mulher é fundamental no combate à fome e à pobreza no planeta. O protagonismo feminino foi destaque de um encontro sobre igualdade de gênero, paralelo à 40ª sessão da Conferência da FAO, no último dia oito de julho, em Roma, Itália.
Em entrevista à equipe SNA/RJ, o ex-ministro Roberto Rodrigues afirma que as mulheres vêm conquistando novos espaços, seja nas universidades, na área de pesquisas ou como líderes de cooperativas. No entanto, em sua opinião, é na agricultura familiar que elas têm mais força.
“Sem dúvida, é na agricultura familiar que o papel das mulheres é mais apreciado, porque atuam em todos os setores da propriedade rural, desde o preparo da terra até a comercialização da produção, passando pela fabricação de alimentos, que agregam valor ao produto primário”, comenta Rodrigues, que também é membro da Academia Nacional de Agricultura da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).
Atualmente, o número de mulheres envolvidas no agronegócio deve ser ainda maior que o apontado pelo último Censo Agropecuário (2006), feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa, naquele ano, mostrava que mais de 14 milhões de mulheres trabalham nas lavouras do Brasil, em comunidades quilombolas e indígenas e nas reservas extrativistas.
Isso reforça o protagonismo delas, especialmente na agricultura familiar, até porque em torno de 45% dos produtos agrícolas são plantados e colhidos por pessoas do sexo feminino, ainda segundo o último Censo. Em 2006, as mulheres rurais também eram responsáveis pela produção destinada à subsistência de suas famílias, contribuindo com 42,4% da renda domiciliar.
OUTRAS ÁREAS
Considerando sua experiência como coordenador do Centro de Agronegócio da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EESP), Rodrigues ressalta que, “hoje em dia, quase metade dos estudantes de Ciências Agrárias são mulheres e as formandas universitárias vêm recebendo grande parte dos prêmios oferecidos pelo setor privado, aos melhores alunos de ensino superior em áreas que envolvem o agro”.
“Muitas delas vão atuar ou já atuam como gerentes de propriedades rurais, com um papel destacado na parte de gestão. Também são inúmeras as cooperativas agropecuárias com comitês femininos, o que vem permitindo, crescentemente, a eleição dessas líderes para conselhos de administração ou fiscal nas empresas, quando não em cargos de comando mesmo”, informa o embaixador da FAO.
Por equipe SNA/RJ